Powered By Blogger

segunda-feira, junho 29, 2009

Amores Peludos







Eu vi "Amores Perros", com Gael Garcia Bernal.
Quem viu, sabe que não tem nada a ver; foi apenas uma lembrança.
Mas quem lembra sabe que no filme poucos amores foram comparáveis aos amores perros.
Eu sei que há uma crítica à sociedade etc etc etc...
Mas eu amo meus pets, essa é que é a verdade.
Reparem que os cães são mais gregários que os gatos.
Pelo menos aqui em casa.

segunda-feira, junho 22, 2009

Meu Poeta Preferido

"A conquista da liberdade é algo que faz tanta poeira, que por medo da bagunça, preferimos, normalmente, optar pela arrumação."
Carlos Drummond de Andrade

domingo, junho 21, 2009

Radicais Livres

A bioquímica deu um grande passo quando estudou e elucidou o mecanismo dos radicais livres. Não é fácil de explicar mas é simples de entender. A queima de oxigênio pelas células deixa algumas ligações (radicais) livres com carga negativa, que são altamente reativas e capazes de se associar rapidamente a cargas positivas que estejam por perto. Isto resulta no que se chama de oxidação. Ora, a atmosfera da terra é composta basicamente de oxigênio, é o que nos faz ter vida e saúde. Porém, se há um excesso na oxidação metabólica, por um acúmulo de radicais livres no ambiente celular, acaba acontecendo um colapso, a que se chama de stress oxidativo.
Em outras palavras, o mesmo oxigênio que nos faz viver é aquele que nos faz envelhecer e adoecer.
Nossa atmosfera é oxidante, e não somente alguns metais como o ferro sofrem esse efeito.
Os seres vivos "enferrujam" em função do mesmo oxigênio que nutre suas células.
Esse fenômeno mostra o quão delicado e tênue é o ponto de equilíbrio. Pouco ou nenhum oxigêncio, morte. Muita queima de oxigênio, morte.
Nossa vida e morte dependem do mesmo elemento!
Às vezes ficamos preocupados em nos manter oxigenados, e na verdade o que pode estar nos oprimindo é a presença dos radicais livres, ou seja, a pobreza de conexões estáveis na molécula de oxigênio, o que aumenta a presença de espaços vazios na cadeia molecular. Essas lacunas são preenchidas tão rapidamente por elementos estranhos à cadeia molecular que acabam descaracterizando o modelo bioquímico.
Decorrem daí as mutações e padrões celulares caóticos.
Por menos que gostemos disso, qualquer excesso se transforma num grande problema.
"Radicais livres" é uma expressão que tem a ver com "ligações bioquímicas mal feitas".
Mas enquanto expressão literária tem uma conotação interessante, e até divertida: como o radical pode ser livre?
Só se você imaginar que esses radicais estão confinados numa grande estrutura fechada, onde vivem correndo de um lado para o outro, tentando uma ligação aqui e outra acolá, às vezes conseguindo, às vezes não, sentindo-se livres para ir de um ponto ao outro, mas inteiramente presos numa trama em que tecem - eles mesmos - a própria decadência.
O equilíbrio bioquímico é precário. Assim como tudo na vida.


"Eu sei que faz parte da natureza humana escamotear o que lhe cabe em seus dramas pessoais e considerar o outro como 100% vilão. Ora, onde tem dois, tem dois! Nem na unidade existe 100% de certeza ou 100% de acerto. Mas eu sei que faz parte da natureza humana considerar o outro (aquele que não correspondeu à expectativa) como o que tem a exclusividade do erro. Experimente contar a versão do outro. Experimente não ser seletivo naquilo que relata ou omite. Experimente ser honesto quando tratar de assuntos que envolvam o outro. Dê ao outro o benefício da dúvida. Dê ao outro o direito de ser melhor do que você... Mesmo que você negue, o outro pode ser mais evoluído, mais interessante, mais inteligente, mais bonito, mais generoso, mais altruísta, mais justo, mais compassivo... muito mais do que você! Por que você não aproveita pra tentar ser como ele? Sempre se precisa de bons exemplos!...["Quanto mais alto um homem voa, menor se torna aos olhos daqueles que não sabem voar"] - (F. Nietzsche).

sexta-feira, junho 19, 2009

Um Breve Espaço

Acontece na nossa vida assim, tudo muito rápido, e muito grande, e muito breve - lembrei de Drummond dizendo que o grande cabe no breve espaço. Ele se referia ao amor, que por natureza é sem tamanho, mas que cabe. Cabe num espaço breve.
Amei meu pai em espaços breves, de beijar seu rosto, de tocar no seu braço, de tentar ser como ele, de facilitar sua vida, de evitar desgostos, de levá-lo ao médico, de cuidar dele.
Procurei amá-lo nas situações apertadas, em que o abraço era tímido, o corpo duro, a entrega pouca. E nesses espaços breves e apertados, o amor era grande.
Citando: ... O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.O amor por meu pai começou no breve choro dele quando eu nasci. E a partir de então, me alimentei das tênues fantasias de ser a sua preferida, de parecer com ele, de querer parecer com ele, de não querer absolutamente parecer nada com ele. Amava-o muito ao ouvir suas palavras e frases sempre tão econômicas, breves, sucintas.
Quase nunca eu queria concordar com ele, mas muitas vezes tive que me render.
O amor por meu pai persistiu apesar de nossos desentendimentos, sempre muito inferiores à nossa cumplicidade. Persistiu nos breves anos em que convivemos de perto, nos breves dias em que nos víamos diariamente, naquelas breves manhãs em que eu descia e lhe beijava o rosto, porque sabia que aos oitenta anos a vida fica por um fio.
Quando eu saía com o carro de ré, da garagem, ficava olhando pra ele, aquela figura vistosa apesar de velhinho, robusto e tão lindo, dava uma buzinadinha e ele acenava em resposta.
Foi meu companheiro, no breve espaço de dois anos de convivência. Completamente fiel ao seu destino de ter reinado por décadas em meu coração. E tenho tanta certeza de que ele vive em alguma estrela, em alguma pousada de anjos, em algum lugar bem confortável e satisfatório, que, tenho certeza, ele aproveitaria qualquer breve e fugaz momento para me dizer frases longas e me dar abraços apertados e beijos e confirmações e tudo o que, na verdade, eu acho que ele está fazendo desde que se foi.

domingo, junho 14, 2009

A Roda da Fortuna

Se tem uma coisa que a roda da fortuna faz muito bem é girar.
Se tem uma coisa que o tempo faz muito bem é passar.
Se tem uma coisa que as feridas fazem muito bem é sarar.
Se tem uma coisa que a noite faz muito bem é amanhecer.
Se tem uma coisa que o rio faz muito bem é correr para o mar.
Se tem uma coisa que as pessoas fazem muito bem é repetir seus erros.
Se tem uma coisa que eu pretendo fazer muito bem é aprender com meus erros.
Se tem uma coisa que a experiência ensina muito bem é "maldito o homem que confia no homem".
Maldito é quem confia!
Que assertiva implacável!

sábado, junho 13, 2009

Poetas, Seresteiros, Namorados, Correi

Pros violeiros incuráveis, as cifras de uma bela canção.

(Gilberto Gil)

Tom: D7+
D7+ Em7 F#m7 D5+/7
Poetas, seresteiros, namorados, correi
Gm7 C7 F7+ A#7+
É chegada a hora de escrever e cantar
Em7 A5+/7 Dm7
Talvez as derradeiras noites de luar
D#m7
Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
F7+ G Dm7
Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
Cm7 F7/9-
Sei lá que mais
A#7+ Am7 D7 Gm7
Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
C7
E em tudo o início dos tempos do além
Cm7 F7/9
Em cada consciência, em todos os confins
A#7+ Fm7 A#m Fm7
Da nova guerra ouvem-se os clarins
A#m Fm7 A#m C7 F7/9
Guerra diferente das tradicionais, guerra de astronautas nos espaços siderais
G# C# A# D#
E tudo isso em meio às discussões, muitos palpites, mil opiniões
F7 G7
Um fato só já existe que ninguém pode negar, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já!
C7+ Gm7 C7+ Gm7 C7+
E lá se foi o homem conquistar os mundos lá se foi
Gm7 C7+ Gm7 C7 F
Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi
Fm7 Em7 D#7+ Dm7
Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
G7/9- C7+ Am7 Dm7 G7/9- C7
A lua foi alcançada afinal, muito bem, confesso que estou contente também
F#º Em7 D#7+
A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Dm7 G7/9- Em7 A7 Dm7
Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção
G7/9 Em7 A7
O que será do verso sem luar?
Am7 D7 G7/9 Gm7 C6/7
O que será do mar, da flor, do violão?
F#º Fm7 Em7 D#7+
Tenho pensado tanto, mas nem sei
D7+ Em7 F#m7 D5+/7
Poetas, seresteiros, namorados, correi
Gm7 C7 F7+ A#7+
É chegada a hora de escrever e cantar
Em7 A7 G Dm7
Talvez as derradeiras noites de luar

segunda-feira, junho 08, 2009

Saúde Mental

Texto atribuído a Rubem Alves

Fui convidado para fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar e me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto devista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se.
Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos. Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, bastar fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.
Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software,"equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito.
O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. Os hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele.
Assim, para se lidar com o software há que se fazer do uso dos símbolos. Porisso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir amúsica que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: a música que saía de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou.
Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental até o fim dos seus dias. Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente contra-indicados. Já o funk pode ser tomado à vontade.
Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato. Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram.

domingo, junho 07, 2009

Uma Noite Perfeita


Cor do textoUma noite perfeita inclui a companhia certa, uma conversa tranquila e o coração aquecido. Não dispensa, na serra, uma xícara de chocolate quente e cremoso. O cacaueiro tem o nome científico de "theobroma", que significa ´alimento dos deuses´. A história do chocolate é belíssima, mas por ora vou ficar com seus sabores, seu fascínio e sua magia numa noite perfeita.


sexta-feira, junho 05, 2009

Coadjuvante de Luxo

Os gatos em ação. Reparem que o Felinus aguentou o aguaceiro. Está mais pra pelúcia, se bem conheço os gatos...



Este é um ancestral de Mikhail. Vejam que está com a patinha elevada, pronto pra acordar a Audrey, delicadamente.


quinta-feira, junho 04, 2009

Le Bolchevique Mikhail









Esse gato é o cara!

Dança Com Lobos


Quando esse filme foi lançado fomos vê-lo em grupo, alegre e ingenuamente.

Mal sabia eu que nesse dia teria uma das grandes desilusões da minha vida em relação a nós, os seres ditos civilizados.

Kevin Costner se aproximou de uma cultura avançadíssima, a dos índios Sioux, interagiu de tal forma com seus conceitos e fundamentos que abandonou de vez a chamada civilização.

O problema é quando a civilização não nos quer abandonar.

Um épico, um filme marcante, uma história de amizade acima das diferenças raciais e, a meu ver, o reconhecimento de que civilizados eram os Sioux, adiantados eram eles, bons legisladores e bons juízes eram eles.

Ocorre que a civilização é predadora e ignorante a ponto de limpar a bunda com papéis históricos...

Tive a minha primeira crise de desengano com o chamado mundo civilizado, que ri quando mata e esfola quem aparece na frente, e não escolhe outra coisa senão os textos límpidos e puros da história pra limpar sua bunda branca e suja.