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quinta-feira, janeiro 28, 2010

Sempre Ao Seu Lado - A Dog´s Story




O Hachiko original


O sueco Lasse Hallström começou muito bem com Minha Vida de Cachorro (1985). Em seguida matou a pau com Gilbert Grape (1993), Regras da Vida (1999) e Chocolate (2000). Provavelmente ele se apaixonou pelo trabalho de Johnny Depp. Lasse é casado com Lena Olin, de forma que não preciso dizer mais nada quanto ao gosto desse rapaz.
O filme tem Richard Gere e ótimos cães akita atuando. Pena que onde estou no momento só tem cópia dublada. Pena mesmo.

É a história real de um cão e seu dono tida e passada em 1920, no Japão.
É o mundo animal invadindo o cinema, talvez motivado por grana alta de fabricantes de ração, sei lá.
O fato é que o mundo pet está abocanhando (sem trocadilho...) muito mercado, e é óbvio que o cinema sempre foi de dar uma mãozinha, como fez com o cigarro, a bebida, a guerra etc.
A história é tão forte que precisava mesmo de um diretor bacana. Precisava mesmo de Richard Gere no elenco.

Costuma-se associar cão a fidelidade de modo radical. Depende do humano que estabelece o vínculo. O cão é o melhor amigo do homem, mas pode ser apenas sua vítima conformada.
Hachi escolheu Parker, demonstrando uma sutileza bem própria dos gatos.

Hachi não era um cão fácil, pegador de bolas e fanfarrão.

Hachi era um ser de quatro patas capaz de transformar mantras conjugais (até que a morte os separe) em afirmação personalíssima: até que a minha morte nos separe.
A morte do outro pode me separar dele mas quando só a minha morte me separa do outro eu assumo em praça pública a minha fidelidade e o meu amor incondicional, até mesmo se o outro já tiver me deixado.

sábado, janeiro 16, 2010

Tudo Nela Era Especial


foto Glauco Araújo/G1

Zilda é um nome germânico que quer dizer "A Vencedora". Foi a penúltima de 13 irmãos. Formou-se em Medicina em 1959, especializando-se em pediatria e medicina sanitária.

Nasceu Arns e morreu Arns. Faço esta observação porque em verdade Zilda se casou e teve 5 filhos (contando-se ainda 10 netos). Ficou viúva de Aloisio Bruno Neumann e não voltou a se casar. Tem Neumann no nome mas sobressai o Arns, como que compartilhando o sacerdócio com 5 irmãos que seguiram a vocação religiosa.

Ela mesma se considerava missionária e com missão muito bem definida a partir de 1983, ano da criação da Pastoral da Criança. É inacreditável que esse programa implique num custo inferior a 1 dólar/mês/criança, num país como o Brasil!!!

Zilda dizia "não se pode complicar o que pode ser feito de maneira simples", como o soro caseiro, por exemplo. Dizia que a metodologia do Bom Pastor implica em estar atento a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam.

Lendo o discurso que Zilda preparou para a Conferência Nacional dos Religiosos do Caribe, percebe-se que suas bases teóricas são bíblicas e que sua fala é a fala de Jesus, Madre Tereza de Calcutá, Ghandi e os demais que lhes seguem.

Nada apareceu de mais certo no Brasil, do ponto de vista da assistência social, da abrangência do atendimento e da falta de escândalos (mil grifos aqui), que a Pastoral da Criança. Vejamos os números: mais de 40 mil comunidades de 7 mil paróquias, de todas (de todas) as 272 dioceses e prelazias; tem uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 140 mil vivem em comunidades pobres e 92% são mulheres. Volto a dizer: ao custo de menos de um dólar/mês/criança. No Brasil!!!??? É ou não é obra messiânica?

Percebe-se o quanto Zilda se sentiu recompensada em 2002, ao participar de um encontro na ONU em favor da infância, quando foi feita a inclusão do elemento espiritual na definição do desenvolvimento da criança. Zilda levantou a bola sobre a importância do carinho na cabeça da criança para o seu desenvolvimento neuronal, da mamada para a psicomotricidade, e por aí vai... Ela não se conformava com os conceitos organicistas da OMS quanto à saúde e ao desenvolvimento. Quem se conforma?

Parece que ela não queria ir ao Haiti nesta que foi sua última viagem; teria preferido ficar com a família. Mas, se a morte é coerente com a vida, Zilda poderia ter morrido de outra forma?

Transcrevo a parte final do discurso que ela não chegou a fazer de viva voz em Porto Príncipe mas que deve estar girando em eloquência alucinante pela mídia afora:

"Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los".

Longe dos perigos e mais perto de Deus. Que lindo!