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domingo, novembro 14, 2010

Viena

De Praga fomos a Viena, com passadinha em Bratislava-pra-brasileiro-ver. Como todos sabem Bratislava é a capital da Eslováquia (sempre me lembrarei que já dei uma passadinha na Eslováquia quando for copa do mundo).
De ônibus e andando a 60km/hora. Pra que stress se a bündchen da gente não para quieta no banco e tem 29 pessoas tossindo e gripadas ao mesmo tempo, boa parte delas oriunda de uma certa cidade portenha? Well. Cheguemos a Viena, que é o que interessa, tomemos banho e nos arrumemos para um recital em uma das salas do palácio Albertina (o prédio à direita). O palácio/Museu Albertina como inúmeros monumentos na Europa está em obras (não esperam que comecem a despencar).



No dia seguinte conhecemos  outro conceito arquitetônico que facilita muito a vida das cidades. Andamos por quase toda a Ringstrasse (ring é anel, strasse é rua ou avenida). A Ringstrasse circula toda Viena em seu perímetro histórico.
A foto à esquerda (acima) e a seguinte mostram a fachada e o pátio interior do Palácio de Holfburg. O relógio é de uma Taberna em Grinzing.

Abaixo um dos trechos de uma rua que faz parte do Ring. A foto não faz justiça à avenida, que é assim uma Champs Elysees.
Para os observadores: não há fiação aérea na Europa. O que se vê numa das fotos é a fiação dos bondes elétricos.

sábado, novembro 13, 2010

Berlim

Chegamos em Berlim e o fato de chegarmos pelo ar muda tudo em relação ao primeiro contato com uma cidade.
De cima Berlim mostrou credenciais impressionantes. Muitos parques, extensas áreas verdes e um plus que não sei definir bem, mas que gerou simpatia e admiração imediatas.
Berlim teve o privilégio de nos apresentar ao outono europeu. Não somente à vegetação, mas também ao frio.
Nosso hotel não poderia ser mais agradável. Leonardo (o da Vinci, com a logo do Homem Vitruviano e tudo). Vejam na internet. É muito bem localizado e é servido pelo metrô (eu usei!), ficando bem pertinho da estação birmarkstrasse. Ficamos na outrora Prússia na região de Charlottenburg.
Chegamos, tomamos um belo banho (se é que banho com ducha móvel pode ser belo) e fomos a um city-tour noturno.
O guia local sabe falar muito bem o espanhol e tem o dom do mestre (além de ser berlinense da gema e ter vivido grande parte dos acontecimentos desses últimos 35 anos ele é apaixonado por História).
                                                      Olaf.
 Nesse local Marlene Dietrich pontificava.
Portão de Brandenburgo. Monumental.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Praga, 28.10.10

Nesse momento minha grande dúvida consiste em onde vou comer inhoque amanhã.
É madrugada e estou sem conseguir dormir por causa de ronco. PQP.
Praga é uma cidade estranha. Tem coisas bonitas mas é como se feio lhe parecesse. Deve haver olhos para ver Praga, assim como os há para ver qualquer coisa pela primeira vez. Um contexto romântico sempre ajudaria. Meu coração ainda não caiu aos pés desta cidade como caiu aos pés de Paris, Roma e Berlim.
Praga é uma espécie de Atenas da Europa Central. Poderia perfeitamente ser uma Little Rússia em Nova Iorque.
Hoje terei o dia todo pra conquistar Praga já sabendo que um dia é pouco.
Vindo de Berlim para Praga de ônibus passamos em Dresden, onde é inevitável a comparação com Bruges.
As cidades medievais se parecem.
Nesse ponto da viagem estou bem desconfortável e quase aborrecida, pois está cansativo e enfadonho ouvir os relatórios turísticos sobre “nuestra capital” que é dita como a maior, a mais importante disso ou daquilo, a única que, e por aí vai.
Não há o que se diga sobre Praga senão que se deve olhar, gostar e se apaixonar. Não é assim tão fácil se não acontece à primeira vista.
Nosso ônibus é novo, grande e com ótima aparência porém é desconfortável. Está cheio de argentinos e brasileiros que nunca vão se entender porque há um bloqueio inexplicável por parte dos argentinos em compreender a língua portuguesa.
Por mais que seja difícil o que atrapalha mesmo é, ou a burrice ou a falta de interesse deles. Pode ser que seja por um desejo inconsciente em considerar o português um dialeto infalável de modo a justificar essa incapacidade de falar um mínimo de português. Quando eu passar em Portugal vou aproveitar pra ver muitos argentinos falando e entendendo perfeitamente o português. Esse bloqueio deles é específico com a língua que os brasileiros falam. Argh, como se não bastasse o maradonismo.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Roma-Paris-Berlim

25/10/10

Acordamos às 6h da manha, tomamos café às 7 e às 8 resolvemos contratar outro transfer, pois o nosso não apareceu para nos levar ao Fiumucino (aeroporto de Roma).
A quantidade de malas é impressionante para qualquer serumano normal.
Consegui empacotar a mala-do-vigário-turco e nesse momento estou menos apreensiva com a possibilidade de sua iminente desintegração.
Preciso comprar uma outra mala de mão porque a que trouxe já perdeu o puxador das rodinhas. Nada que eu não consiga fazer com tranqüilidade em Berlim.
Dormi muito bem nessa noite e hoje me encontro disposta o suficiente pra chegar em Berlim e sair com a tropa.
Temos tido bastante sorte com o tempo e a temperatura. Hoje saímos de Roma debaixo de chuva. Havia previsão de chuva para o fim do dia da nossa chegada e para todo o dia de ontem. Nada disso aconteceu.
O fato de sairmos com chuva nos deu o bônus de um lindo arco-iris completo. Tentei tirar fotos.
Escrevo do aviãozinho que nos leva pra Paris onde faremos conexão para Berlim. Houve um atraso de 50 minutos pois estamos voando de Air France e provavelmente esse aviãozinho veio de Paris onde há agitação e greve por causa de uma lei a ser votada no congresso. Nosso vôo para Berlim sairá às 13:15.
Acabaram de nos dar um lanchinho bem mixuruca (tomei chá com biscoitos – dois biscoitos). Estou imaginando onde, como e quando será nosso almoço de hoje.
Nem vi direito a decolagem. Só sei que me peguei várias vezes com a mandíbula pendurada; se eu tivesse beiçolas elas teriam batido no meu umbigo, haha.
Obviamente durante o vôo não há como ter conexão. Isto seria demais e eu até esqueceria os dias de tormenta no NAVIOMETRALHAO.A.
Impressões sobre Paris: continua linda, é mais linda ainda no outono. Árvores com tonalidades verde e laranja na mesma copa.
Paris está mais suja. Estive em Paris em 1996 e foi um encanto inesquecível. Não havia lixo na rua como há hoje. Perguntei ao nosso taxista (brasileiro) se era só impressão minha e ele disse que após o 11 de setembro as lixeiras doiradas de Paris saíram de circulação pois temia-se que os terroristas deixassem artefatos nelas.
A verdade é que a gente demora bastante até encontrar um lugar pra deixar o lixo em Paris. Esse problema das lixeiras deveria ter sido contornado com o emprego de mais pessoas recolhendo o lixo, pois as ruas estão feias com essa sujeira inesperada.
Quando estive em Paris defini a cidade como um lugar que cheirava a tabaco. Não sei o que houve pois já não há mais esse cheiro. Em todo o caso o parisiense está fumando demais. Fuma e lança a guimba no chão.
A novidade de Paris esse ano foi estar no Quartier Latin. A pé pudemos ir até os Jardins de Luxemburgo, andar pelas Av. San Michel e San Germain. Metrô por toda parte, mas suspeito que andávamos mais para pegar o metrô do que viajávamos nele. Coisas de quem não tem intimidade com o engenhoso metrô de Paris.
Em Roma também se fuma bastante e se joga a guimba no chão. Acho que nesse quesito o Brasil está um passo a frente. Já não se vê tantos fumantes nos lugares e as guimbas são deixadas no lugar adequado (ou serão engolidas, sei lá).
O charme de Roma é, como não se cansam de dizer as pessoas, ser um museu a céu aberto. De fato é.
Mas o charme de Roma a meu ver é a demonstração de que se pode preservar a história e os lugares arqueológicos no mesmo tempo e espaço de uma cidade moderna que funciona.
Não há postes de rede elétrica na Europa. Os postes se destinam apenas a iluminar as ruas. Aquela teia de fios que tanto agride a estética de nossas cidades não existe aqui.
Os prédios são da 1880, mas os banheiros e as demais instalações são de um modernismo surpreendente.
É possível preservar a história e ir construindo o mundo contemporâneo ao mesmo tempo.
Isso se aprende em Roma onde chegam ao requinte de fazer museus envidraçados sobre obras antigas, de modo a preservá-las em seu sítio original, criando uma vertente inovadora de museu.
Outra coisa muito agradável tanto em Paris quanto em Roma é o silêncio dos meios de transporte.
Os carros europeus em sua maioria são monovolumes. Ou melhor, MINIvolumes. Usa-se muito as velhas e boas vespas, lambretas e scooters. Há motos mais invocadas também, mas não são a maioria. Os ônibus são silenciosos. Não existe buzina no transporte público. Na ponte Nova Iorque - Paris que fizemos em 1994 observei que a função fálica dos carros para o americano nada quer dizer para os franceses.
Os terminais são amplos e bem arrumados. Há uma organização admirável nos ônibus de city-tour.
Em Roma o trânsito é considerado caótico, mas como estivemos aqui apenas no sábado e domingo, não foi possível achar esse caos todo. Circulamos com muita tranqüilidade em carros, taxis e buses.
Os italianos são bem nervosinhos no trânsito. Usam muito a buzina em seus carrículos por nada. Têm a mesma irracionalidade de qualquer país onde haja engarrafamentos. Se buzinar fizesse o carro da frente sumir no éter ainda teria sentido. E o italiano vai além de buzinar. Sai do carro e começa a gesticulare e a esbravejare. Não adianta nada. Mas quem sabe ele se livra de uma úlcera? Ou anda de mal com a mulher e não fala tanto quanto gostaria (e precisaria) em casa?
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Perdemos a conexão para Berlim e ganhamos um mini-up no aviãozinho que nos levou, finalmente.

Cruzeiro Pelo Mediterrâneo

Mar Mediterrâneo, 17.10.10

Estamos em nosso sétimo dia de cruzeiro pelo Mediterrâneo, em 3 dos quais estive arriada por uma bela gripe. Dica de como conseguir gripe e faringite no exterior: tire e coloque o casaco; tire e coloque o cachecol.
Hoje amanheci melhor (às 5 horas da manhã) com sons guturais desagradabilíssimos ininterruptos vindos da cama ao lado. Não posso reclamar, mas reclamo mesmo sem poder. Ronco é um problema de saúde.
Resolvi descer para tomar café em outro restaurante que abre somente de 6:30 às 8:30.
Pretendo ter um dia mais produtivo hoje, dia em que ficaremos navegando sem escala. Nossa próxima parada será em Alexandria e amanhã bem cedo sairemos em excursão.
A primeira parada do navio foi em Nápolis, cidade típica dos comerciais de cornetto (dá-me um corneeetto!!!). Ruelas estreitas, abundantes varais de roupas coloridas e alguma sujeira.
Visitamos a catedral de São Genaro e só tive um pensamento lá dentro. Que maravilha de homenagem aos deuses. Parabéns por merecerem tão grandiosa homenagem.
É lógico que a seguir me veio à cabeça que não se trata de homenagem e sim de exibicionismo. Minha igreja é mais rica que a sua, Conde Stiffoso. Nunca vi um teto tão lindo, simétrico e cheio de detalhes! Acho que nem um computador faria algo tão preciso. A mente humana sempre foi genial, mas convenhamos, há 300 anos atrás era preciso uma overdose de genialidade pra compor desenhos, figuras, bordados e acabamentos tão refinados.
Depois seguimos para Pompéia, cidade que, junto com Herculano, foi destruída numa das erupções do Vesúvio. O Vesúvio parece um vulcãozinho camarada, mas o certo é que as aparências enganam.
Experimentamos em Pompéia um licor de limão (limonetto) muito agradável ao paladar. Meu lado realista ou pessimista, sei lá, me impediu de comprar a garrafinha, porque o que é dado à prova nem sempre é o que está na garrafinha. Isso vale pra tudo, hein?
De Pompéia seguimos para a costa amalfitana. Era um desejo antigo meu conhecer a costa amalfitana, que nada mais é que a Rio-Santos sem vegetação exuberante e com as típicas construções mediterrâneas encravadas na rocha. A tal rocha muitas vezes dá a impressão de ser uma falésia, o que me deixou com as orelhas em pé.
É bonita a costa amalfitana. Mas foi Capri que surpreendeu. É uma ilha com ares buzianos. Tem ares de Paraty também. As pitangas se acenderam várias vezes pois há homens bonitos nas paragens. Pra completar pegamos um taxi de Anacapri até o porto, cujo motorista nem de longe lembra um personagem de Pasolini. Foi o bastante para as pitangas acenderem furiosamente.
Lá embaixo no porto tomei um espresso decente. O filho dos donos do restaurante farejou a pitanguice do grupo e disse que gostaria muito de viver uns tempos no Rio, gostaria de aprender a falar português etc, e pagaria a hospedagem, faria massagens, seria o big boss delas. Como algumas já deram tudo o que tinham que dar, colocaram as filhas na fita. Ê, Brazél!
Por causa desse papo todo acabamos perdendo o barco que nos levaria para o porto em Nápolis onde nosso navio estava ancorado. O pessoal que lida com turismo sabe perfeitamente bem quem é quem. O camarada que estava junto ao barco que partiria em seguida fez um drama completo junto às senhouras do grupo, que, obviamente ficaram indignadas com a falta de consideração do comandante partindo sem esperá-las. Depois de tripudiar bastante o tal camarada disse que poderíamos embarcar a seguir, utilizando o mesmo ticket. As senhouras até então revoltadíssimas exclamaram: ahn, bem!

Quando o mundo souber português e o brasileiro não, aí é que serão elas.

Paris, 11.10.10

Nosso transfer guy para o aeroporto é um paranaense que veio para Paris com 21 anos de idade. Trabalha em média 12 horas por dia, tem diploma de Adm de Empresas e chegou a iniciar o curso de Computação aqui. Quando havia aprendido o francês pensou em voltar pra casa mas a mãe disse que era melhor ele ficar, pois a situação no Brasil não era boa.
Perguntei o que o prendia na França e ele respondeu que era a estabilidade. Casado e com uma filha pequena era importante saber que não teria que gastar fortunas com saúde e educação de qualidade para a filha.
Quando perguntei o que mais lhe desagradava em Paris ele respondeu como um parisiense: os imigrantes. Eles vêm para cá querendo tudo de graça, não se esforçando pra falar a língua e achando que todos lhe devem tudo. Ele até brincou dizendo que sua mulher caçoa dele, porque esse é um pensamento local.
Só quem já conviveu com sua própria tribo no exterior sabe o que significa esse incômodo.
Falando do que eu conheço é difícil não sentir esse incômodo vendo como se comporta o brasileiro no exterior. O brasileiro já chega apertando a tecla f..... Acha que todos lhe devem a maior atenção possível, que devem e podem perguntar a cada 10 metros depois de terem sido informados corretamente por alguém lá atrás.
O brasileiro acha que não precisa saber o mínimo de inglês, que o mundo é que tem que aprender português. Bem, o mundo até está aprendendo a falar português (e, olha, não são os brasileiros que moram fora, não! São os estrangeiros que consideram importante conhecer a língua de um país que faz turismo e consome em grande escala). Quando o mundo souber português e o brasileiro não, aí é que serão elas.
Presenciei na minha troupe esse comportamento. Meus compatriotas não sabem o que perguntar (não realizam a dúvida que precisam esclarecer), mas fazem questão de importunar os transeuntes (que podem estar em horário de almoço ou com algum compromisso), balbuciando em português frases sem sentido, com ares de que o outro é que é um estúpido por não os compreenderem.
Alguns já até pagaram o mico de xingar uma pessoa e esta revidar em português.
Os brasileiros são reconhecidos em qualquer lugar que vão. Por que será? Porque falam alto? Porque apontam e gesticulam pra tudo o que vêm? Porque acham que qualquer mínimo espaço é deles e devem ocupá-lo sem temor? Porque esbarram, se esfregam, pisam, empurram e ainda saem xingando? Porque pros brasileiros tudo é muito caro? Tudo é lindo? Tudo “eu quero!”? Porque não podem ver outro brasileiro que já fazem uma arruaça, querem juntar mesa, colocar cadeira onde não cabe? Porque detestam olhar um mapa? Porque detestam se organizar antes de dar uma saída? Porque não gostam de lugares onde não se pode comprar? Porque adoram bugingangas? Porque só conseguem ver com os dedos? Porque a maioria das mulheres não consegue ver um homem bonito sem se oferecer?
Hoje no café da manhã um garçon passava cantando “La cucaracha” e a brasileirada sorria e comentava: esse garçon é alegre, né?
Na hora do lanche (almoço) havia uma enorme mesa de africanos. Ora falavam no seu dialeto ora falavam em inglês. Sem estardalhaço, sem chamar a atenção de ninguém, a não ser a minha, hehe.
Fora isso, o brasileiro é o ser mais caloroso do planeta, o mais sorridente, o mais boa gente.
Não sei de quanto é o gasto do brasileiro que viaja. Mas é muito dinheiro. Muito mesmo.
Países como a França e a Itália (até aqui) recebem esses portadores de dólares e euros. Não sei se de bom grado. Tenho a impressão de que só nos recebem porque trazemos grana. Fora isso gostariam de nos ver de binóculos.
Nesse momento estou no deck 5 ouvindo música. 3 músicos: violino, baixo e violão. E voz. As pessoas à minha volta conversam e fazem seus lanches. Estou há algum tempo sem ouvir a língua pátria. Hehe.

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Nosso navio deve ter uma média de idade acima dos 60 anos. As pessoas vêm como são e como podem. Muita gente de cadeira de rodas, mais gente de andador e mais ainda de bengala. É muito bacana ver esse mundo de velhinhos e velhinhas superando as limitações e tentando viver a vida.
Muitos americanos. Há europeus também. O navio é a concepção americana de tudo. Junker food às toneladas, café fraco e uma tripulação composta por filipinos e indianos na sua maioria. Se eu lamento pelo fato do brasileiro se recusar a falar uma segunda língua os americanos devem estar horrorizados com a forma como o inglês é falado em certas bocas.
O tudo incluído é muito enganoso nesse caso. Pedi um espresso e me foi cobrado 1,95 U$. Em Capri tomei um espresso bem superior ao preço de 1 euro.
Trouxe meu mini modem, mas hoje fiquei sabendo que o navio bloqueia todas as freqüências para manter a sua a 0,68 U$ o minuto!
Em Paris conectei normalmente. Espero que o mesmo se dê na Europa ocidental.
A conferir.

Condições Para Participar de Um Cruzeiro


Se uma companhia de navegação qualquer me convidasse para participar de um cruzeiro pelo Mediterrâneo teria que lidar com mil imposições da minha parte.
Teria em primeiro lugar que me garantir que não haveria enjôos a bordo (impossível).
Em segundo lugar teriam que colocar à minha disposição um garçom ou garçonete 24 horas pra atender em português as demandas de minha viagem (um expresso verdadeiro, uma água com gás, uma visita à sala de comando, me maquiar, me fotografar... essas coisinhas).
Depois eles teriam que me oferecer uma cabine com varanda. De que adianta estar no mar se temos que usar de muito poder de abstração para lembrar que estamos navegando? As cabines que costumamos comprar são cápsulas inventadas por japoneses de compleição nanica. Se me convidarem terão que me alojar numa cabine extra-large com vista para o mar.
Em quarto lugar teriam que colocar à minha disposição um chef de cozinha que fizesse a minha comida na minha frente. Nada de tirar congelados da manga.
Em quinto lugar essa privilegiada companhia de navegação respeitaria minha liberdade de expressão. Não interferir na internet que eu trago de casa já seria um bom começo.
Em sexto lugar, teriam que me perguntar diariamente se eu gostaria de continuar o passeio. Se estou satisfeita com os serviços. Se a minha roupa volta cheirosa da lavanderia.
Em sétimo lugar, mas com peso de primeiro, deveriam treinar a população carcerária, digo, tripulante, para falar o português e ser extremamente simpática com os brasileiros e luso-falantes em geral.
Reforçando: em oitavo lugar essa companhia de navegação deveria perder esse horrível complexo de superioridade e se resignar ao fato de que o brasileiro agora está numa boa e, mesmo sem querer ser o dono do mundo, tem brasileiro em toda parte.
Em nono, riscar dos refeitórios todo e qualquer resquício de junk food. Abolir completamente aquilo que chamam de café e servem nessas canecas enormes. Oferecer adoçantes e açúcar decentes.
Em décimo, mas não menos importante, oferecer camas de tamanho suficiente e toalhas de banho idem.
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Em milésimo, fazer cruiser tours por lugares decentes.


sábado, outubro 02, 2010

Rico Aos 50

A riqueza depois dos 50:

Prata nos cabelos. Ouro nos dentes. Pedras nos rins. Açúcar no sangue. Chumbo nos pés. Ferro nas articulações. E uma fonte inesgotável de gás natural.




Não sei por que a gente reclama tanto!
Arrumar as malas, por exemplo. A gente quer colocar na mala o guarda-roupa de 2 estações opostas e ainda reclama!?
Vai sobretudo, saída de praia, botas de cano alto, bermudinha... mas é indispensável colocar um sprayzinho pra odorizar o banheiro que será compartilhado na viagem.
Acho digno.

segunda-feira, agosto 30, 2010

Air France


Criada em 1933 fruto da fusão de 4 companhias aéreas francesas, a Air France começou cobrindo cerca de 38.000 km com 259 aeronaves. Em 1976 lançou o concorde na rota Paris-Dakar-Rio, que voava a mais de 2.000km por hora e que acabou não dando certo devido aos altos custos operacionais e à poluição sonora. Mesmo assim o concorde esteve 30 anos em atividade e ainda não foi superado na história da aviação moderna.

Atualmente a AF tem um staff de quase 70 mil pessoas, vai a 183 pontos de 98 países, com 1500 voos diários em suas quase 400 aeronaves.
A foto acima é do concorde com a grife da Air France.
Falar em grife, viajar pela AF deve ser o mesmo que viajar por qualquer outra empresa. Mas grife é grife, e já comecei a viajar... rá!

quarta-feira, agosto 18, 2010

Nunca Como Antes

A lâmina fina da espada em riste, o trilho firme na estação do trem, um canivete médio tirado da mão do pivete.
Levarei vocês todos daqui, por bem e por bem. Não se impressionem com metais afiados e cortantes. Essa é a tralha de apoio que ao fim e ao cabo terão sido muito úteis e utensílias.
Cheguei a pensar em fazer tudo muito organizadinho; pererêpererêpererá... mas se esta aventura nasceu pra ser orgnizada, será.
Tudo é leve calmo e sorridente na véspera da invasão.
Por isso chegaremos com a estrutura (tralha de apoio) que for possível. Não estamos aqui pra afrontar os descendentes dos hunos, godos e visigodos.
O que não falta é espaço.
E nesse momento há mesmo um desconforto geral com os novos blocos pós-guerra.
Assim caminha a humanidade, pois pois.

domingo, junho 06, 2010

O Gato Cheshire E O Chapeleiro Maluco











Alice no País das Maravilhas ou O Chapeleiro Maluco saiu-se um filme bem psicodélico de Tim Burton. Cheio de efeitos especiais sonoros e ótima concepção de figurino e maquiagem.
No país de Alice ser um chapeleiro maluco é ser afortunado. Ladeado por uma lebre de março, um arganaz dorminhoco e confrontado por uma perigosa rainha decapitadora, ser louco varrido é ser muito sortudo.

O que faz o chapeleiro maluco em favor de Alice? E o gato Cheshire?

Vou colocar as fotos enquanto penso no assunto.

quinta-feira, abril 08, 2010

Tanto tempo sem escrever?

Eu pensava no blog como um lazer meio obrigatório, prevalecendo o lazer sobre blablabla.
Pensava em atualizar o blog sem fazer idéia de que se passaram dois meses inteirinhos sem uma palavra sequer.
Fico pensando: o que (não) aconteceu em fevereiro e março pra me deixar tão calada assim?
E me lembro, é claro.
Houve muito calor nesses dois meses; houve coisas acalarodas, episódios bizarros, caôticos (de caô) e uma lista infindável de aborrecimentos.
Sobretudo houve muito calor. Muito calor. Incivilizada canícula.
Aliás, o que vem a ser, exatamente, canícula?

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Canícula, que em português designa um grande calor, em Roma estava ligada à idéia de cão. Canicula era ‘cadelinha’, nome que se dava à estrela Sirius, da constelação do Cão Maior, cuja representação era feita por um desenho na forma de um cão furioso. Como quando essa estrela se apresentava como a de maior brilho no céu coincidia com os grandes calores do verão, a época mais quente do ano, a palavra canícula (cadelinha) passou a representar uma situação de grande calor atmosférico.

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Viva o google!

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Sempre Ao Seu Lado - A Dog´s Story




O Hachiko original


O sueco Lasse Hallström começou muito bem com Minha Vida de Cachorro (1985). Em seguida matou a pau com Gilbert Grape (1993), Regras da Vida (1999) e Chocolate (2000). Provavelmente ele se apaixonou pelo trabalho de Johnny Depp. Lasse é casado com Lena Olin, de forma que não preciso dizer mais nada quanto ao gosto desse rapaz.
O filme tem Richard Gere e ótimos cães akita atuando. Pena que onde estou no momento só tem cópia dublada. Pena mesmo.

É a história real de um cão e seu dono tida e passada em 1920, no Japão.
É o mundo animal invadindo o cinema, talvez motivado por grana alta de fabricantes de ração, sei lá.
O fato é que o mundo pet está abocanhando (sem trocadilho...) muito mercado, e é óbvio que o cinema sempre foi de dar uma mãozinha, como fez com o cigarro, a bebida, a guerra etc.
A história é tão forte que precisava mesmo de um diretor bacana. Precisava mesmo de Richard Gere no elenco.

Costuma-se associar cão a fidelidade de modo radical. Depende do humano que estabelece o vínculo. O cão é o melhor amigo do homem, mas pode ser apenas sua vítima conformada.
Hachi escolheu Parker, demonstrando uma sutileza bem própria dos gatos.

Hachi não era um cão fácil, pegador de bolas e fanfarrão.

Hachi era um ser de quatro patas capaz de transformar mantras conjugais (até que a morte os separe) em afirmação personalíssima: até que a minha morte nos separe.
A morte do outro pode me separar dele mas quando só a minha morte me separa do outro eu assumo em praça pública a minha fidelidade e o meu amor incondicional, até mesmo se o outro já tiver me deixado.

sábado, janeiro 16, 2010

Tudo Nela Era Especial


foto Glauco Araújo/G1

Zilda é um nome germânico que quer dizer "A Vencedora". Foi a penúltima de 13 irmãos. Formou-se em Medicina em 1959, especializando-se em pediatria e medicina sanitária.

Nasceu Arns e morreu Arns. Faço esta observação porque em verdade Zilda se casou e teve 5 filhos (contando-se ainda 10 netos). Ficou viúva de Aloisio Bruno Neumann e não voltou a se casar. Tem Neumann no nome mas sobressai o Arns, como que compartilhando o sacerdócio com 5 irmãos que seguiram a vocação religiosa.

Ela mesma se considerava missionária e com missão muito bem definida a partir de 1983, ano da criação da Pastoral da Criança. É inacreditável que esse programa implique num custo inferior a 1 dólar/mês/criança, num país como o Brasil!!!

Zilda dizia "não se pode complicar o que pode ser feito de maneira simples", como o soro caseiro, por exemplo. Dizia que a metodologia do Bom Pastor implica em estar atento a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam.

Lendo o discurso que Zilda preparou para a Conferência Nacional dos Religiosos do Caribe, percebe-se que suas bases teóricas são bíblicas e que sua fala é a fala de Jesus, Madre Tereza de Calcutá, Ghandi e os demais que lhes seguem.

Nada apareceu de mais certo no Brasil, do ponto de vista da assistência social, da abrangência do atendimento e da falta de escândalos (mil grifos aqui), que a Pastoral da Criança. Vejamos os números: mais de 40 mil comunidades de 7 mil paróquias, de todas (de todas) as 272 dioceses e prelazias; tem uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 140 mil vivem em comunidades pobres e 92% são mulheres. Volto a dizer: ao custo de menos de um dólar/mês/criança. No Brasil!!!??? É ou não é obra messiânica?

Percebe-se o quanto Zilda se sentiu recompensada em 2002, ao participar de um encontro na ONU em favor da infância, quando foi feita a inclusão do elemento espiritual na definição do desenvolvimento da criança. Zilda levantou a bola sobre a importância do carinho na cabeça da criança para o seu desenvolvimento neuronal, da mamada para a psicomotricidade, e por aí vai... Ela não se conformava com os conceitos organicistas da OMS quanto à saúde e ao desenvolvimento. Quem se conforma?

Parece que ela não queria ir ao Haiti nesta que foi sua última viagem; teria preferido ficar com a família. Mas, se a morte é coerente com a vida, Zilda poderia ter morrido de outra forma?

Transcrevo a parte final do discurso que ela não chegou a fazer de viva voz em Porto Príncipe mas que deve estar girando em eloquência alucinante pela mídia afora:

"Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los".

Longe dos perigos e mais perto de Deus. Que lindo!