Este conceito veio ao encontro de um sentimento desde a adolescência, um sentimento de muita estranheza quando alguém se referia a qualquer coisa e a tudo de muito ruim como sendo a vontade de Deus.
Ora, a vontade de Deus, pra começar, não é assunto nosso. Mas algumas pistas sobre o que venha a ser a vontade de Deus nós podemos ter. É só prestar um tico de atenção nas leis da natureza, nas leis físicas, biológicas e cósmicas conhecidas.
Sabemos que Deus fez a criatura humana para o bem, para a felicidade, para a saúde, para a alegria, para a comunhão, para a prosperidade.
Mesmo que não houvesse a idéia de Deus, teríamos que ter a mínima noção de que há um funcionamento perfeito naquilo que supostamente tivesse sido criado por Deus.
Se o planeta em que vivemos está rateando com esse monte de fenômenos agressivos e destutivos atingindo a todos e a tudo, não será pela vontade de Deus, certo?
Ou será que Deus sussurrou na orelha dos desmatadores, dos madeireiros, dos inescrupulosos, dos barões das terras alheias, dos porcalhões, dos grandes capitães de indústria, dos países do primeiro mundo (principalmente aqueles que fazem testes nucleares no ventre da Terra, testes farmacológicos nos países miseráveis da África), será que Deus sussurrou em suas orelhas para que lançassem os fundamentos de toda a obra destruidora da Terra e de seus habitantes?
Du-vi-de-o-dó!
E será que Deus se revelou aos que resolveram morar em áreas de risco, como se num país desse tamanhão não tivesse outro lugar pra se viver a não ser na beira de um rio ou empinado numa encosta?
As mortes, os danos, os prejuízos, o infortúnio, nada disso é da vontade de Deus.
Dizer que é da vontade de Deus é má teologia e má fé.
Nós que não paremos de destruir a nossa própria casa pra ver onde a nossa tresloucada vontade vai nos levar.
Trator trabalhando na rua General Osório, tentando limpar os bueiros que os porcalhões incansavelmente entopem com sacolas de plástico.
