Dia nublado, friozinho, bom pra ir pro estado vizinho fazer mercado. Se eu assentar praça no Brasil já sei que vou dar um jeito de criar galinhas e cabras e ter uma horta.
Aqui na terra do business nada é mais incentivado a viver sob rigorosa patrulha que a comida. Come-se muito mal e muito bem por aqui, só depende do freguês.
O fato é que um mercado enorme como esse pede, suplica, implora pra ser segmentado. Assim, olho nos rótulos, pois é mais importante saber o que NÃO tem. Exemplo: a granola "go raw", já traz uma faixa no pacote dizendo 'NO AGAVE', este, uma das inúmeras fontes de açúcar usadas por aqui, que do mesmo jeito que é recomendada, é rejeitada, como é, aliás, tudo em nossa pouco pacata trajetória existencial-estomacal.
Junto com o agave, está o xarope de milho, que já teve os seus dias de glória, mas hoje é afugentado mais que o diabo pela cruz. Mas vamos em frente: Gluten Free, Wheat Free, Nut Free, No GMOs, No Trans Fats, No Cholesterol. Ou seja. Comer "No Guilt" é que são elas.
No reino animal a coisa piora ainda um pouco. Trata-se de saber que o boi e a galinha (e o porco) foram alimentados com produtos naturais, não receberam antibióticos ou hormônios e tiveram um manejo familiar. Sim, Quanto mais o produto for do pequeno proprietário, mais o rótulo ganha status.
Dizer que um produto é 100% orgânico já não é suficiente. Você tem que detalhar que ele não foi processado, multi-processado e nem recebeu uma dosezinha extra de qualquer elemento químico que no momento esteja vivendo a sua fase maldita.
A onda agora é que as sementes estejam organicamente germinadas (sprouted). A onda é o leite de amêndoas - por sinal, bem gostoso - mas não o leite que é vendido nas embalagens longa vida. Você tem que comprar as amêndoas, lavá-las e deixá-las de molho até que fiquem livres de tooooodo aquele agrotóxico. Aí você põe as amêndoas para torrar por mais ou menos umas 12 horas, e só assim você pode falar em algo 100% orgânico. Bem, 100% orgânico no caso citado, seria você ter uma amendoeira no quintal.
O fato é que temos aqui, como aí, as prateleiras com os legumes orgânicos. E o que vemos? Cenouricas magricelas e pálidas; algumas raízes que de tão deformadas e feias, sequer imaginamos o que sejam; cebolitas e batatitas anãs.
Ao lado, as prateleiras dos que não se apregoam orgânicos reluzem de legumes rechonchudos e coloridos.
Se fossemos comer com os olhos, engoliríamos todos os agrotóxicos e os geneticamente modificados do planeta, pois sua beleza põe mesa.
O fato é que minha amiga tem fornecedores de frangos, de carne bovina, de frutas e de legumes, e seus filhos um dia vão agradecer a ela por livrá-los de tanta química. Mas será que daqui a 10 anos esses meninos encontrarão um mercado com boas e honestas opções?
Sinceramente, não creio.
Creio em 2 cabras, 1 bode, 3 ou 4 galinhas e uma horta.
O resto é pra ler o rótulo com espírito de Holmes e alma de Watson. Ou, e é o que a maioria faz, entregar pra Deus.
Aqui na terra do business nada é mais incentivado a viver sob rigorosa patrulha que a comida. Come-se muito mal e muito bem por aqui, só depende do freguês.
O fato é que um mercado enorme como esse pede, suplica, implora pra ser segmentado. Assim, olho nos rótulos, pois é mais importante saber o que NÃO tem. Exemplo: a granola "go raw", já traz uma faixa no pacote dizendo 'NO AGAVE', este, uma das inúmeras fontes de açúcar usadas por aqui, que do mesmo jeito que é recomendada, é rejeitada, como é, aliás, tudo em nossa pouco pacata trajetória existencial-estomacal.
Junto com o agave, está o xarope de milho, que já teve os seus dias de glória, mas hoje é afugentado mais que o diabo pela cruz. Mas vamos em frente: Gluten Free, Wheat Free, Nut Free, No GMOs, No Trans Fats, No Cholesterol. Ou seja. Comer "No Guilt" é que são elas.
No reino animal a coisa piora ainda um pouco. Trata-se de saber que o boi e a galinha (e o porco) foram alimentados com produtos naturais, não receberam antibióticos ou hormônios e tiveram um manejo familiar. Sim, Quanto mais o produto for do pequeno proprietário, mais o rótulo ganha status.
Dizer que um produto é 100% orgânico já não é suficiente. Você tem que detalhar que ele não foi processado, multi-processado e nem recebeu uma dosezinha extra de qualquer elemento químico que no momento esteja vivendo a sua fase maldita.
A onda agora é que as sementes estejam organicamente germinadas (sprouted). A onda é o leite de amêndoas - por sinal, bem gostoso - mas não o leite que é vendido nas embalagens longa vida. Você tem que comprar as amêndoas, lavá-las e deixá-las de molho até que fiquem livres de tooooodo aquele agrotóxico. Aí você põe as amêndoas para torrar por mais ou menos umas 12 horas, e só assim você pode falar em algo 100% orgânico. Bem, 100% orgânico no caso citado, seria você ter uma amendoeira no quintal.
O fato é que temos aqui, como aí, as prateleiras com os legumes orgânicos. E o que vemos? Cenouricas magricelas e pálidas; algumas raízes que de tão deformadas e feias, sequer imaginamos o que sejam; cebolitas e batatitas anãs.
Ao lado, as prateleiras dos que não se apregoam orgânicos reluzem de legumes rechonchudos e coloridos.
Se fossemos comer com os olhos, engoliríamos todos os agrotóxicos e os geneticamente modificados do planeta, pois sua beleza põe mesa.
O fato é que minha amiga tem fornecedores de frangos, de carne bovina, de frutas e de legumes, e seus filhos um dia vão agradecer a ela por livrá-los de tanta química. Mas será que daqui a 10 anos esses meninos encontrarão um mercado com boas e honestas opções?
Sinceramente, não creio.
Creio em 2 cabras, 1 bode, 3 ou 4 galinhas e uma horta.
O resto é pra ler o rótulo com espírito de Holmes e alma de Watson. Ou, e é o que a maioria faz, entregar pra Deus.