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sábado, agosto 29, 2009

Two Lovers

Esse filme escrito e dirigido por James Gray - um sujeito abusado que no filme de estréia (Little Odessa) escalou Tim Roth e Vanessa Redgrave, sem falar em Maximiliam Schell. Foi uma estréia luxuosa e premiada: ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza em 1994, ano do filme. O cara tinha 24 anos!
Quinze anos depois escreve e dirige "Two Lovers". Em Portugal, Duplo Amor. No Brasil, Amantes.
Gostaria de saber o que Gray quis dizer ao nomear seu filme, pois na história aparecem dois ou três amantes, e o tema recorrente de seus filmes volta apenas um pouco abrandado por paixões, mas continua sendo a história de imigrantes que procuram a América com um instinto libertador quase desesperado, e se tornam igualmente desesperados e aflitos para manter sua identidade cultural. A América seria apenas um lugar arejado...
Two Lovers conta a história de uma família judia que toca um negócio familiar e espera fazer uma fusão com outra família do mesmo ramo e da mesma origem, inconscientemente incluindo na transação o filho (Joaquin Phoenix) muito perturbado.
Leonard é americano "atípico", que já deveria estar casado, mas ainda mora com os pais.
A primeira cena do filme mostra o que será o personagem: encharcado de emoções, instável, imprevisível, cheio de cicatrizes mal curadas.
Enquanto a gente vê um filme vai fazendo outro filme. Essa é a força do cinema.
Tive dificuldade em escrever meu filme, pois Two Lovers tem uma densidade dramática anormal, mas saí do cinema com uma idéia fixa: o amor da mãe (judia) é inquestionável.
E a namorada judia, a quem ele não queria tanto assim, lhe prometeu claramente ser como uma mãe pra ele: vou cuidar de você.
A mãe percebeu que Leonard iria fugir com a mulher por quem era apaixonado e lhe disse: você sempre poderá voltar pra sua casa.
Leonard não apenas volta pra casa, como também termina o filme abraçado à namorada judia, pois foi abandonado pela mulher que amava.
Amor é o que deixa ir e recebe de volta com a mesma naturalidade e singeleza - no filme representado pela belíssima Isabella Rossellini.
Não sei o que se passa com as mulheres nas famílias judias; mas os homens, certamente, têm uma necessidade visceral do amor de suas mães.

Joaquin Phoenix

É meu ator preferido de todos os tempos.
Ele tem uma cicatriz.
Os artistas que têm marcas faciais, distúrbios vocais e orelhas de abano têm o meu respeito.
Joaquin não valoriza a cicatriz, mas não a esconde. Como não se trata de fenda palatina, poderia ter feito uma plástica.
Há cicatrizes que valem ouro.
Valem mais que o selo do rei, a marca do dono...
Quem lida bem com suas cicatrizes interiores lida melhor ainda com as exteriores, e vice-versa.

quarta-feira, agosto 26, 2009

As Brumas de Ouro Preto




Os mineiros de Ouro Preto são apaixonados por sua cidade e quando se referem a ela, mudam o olhar na direção do horizonte e começam a falar como em transe, que sua cidade é mais que seu lugar, seu pai, sua mãe, sua raiz.

Há em seu olhar um brilho enviezado, quase turvo, molhado de quase-lágrimas, pois é como se falassem da mãe e do pai, da avó e do avô, do português e do escravo, das minas escuras e cheias de riquezas, do sonho eternamente sonhado de permanecer abrigado entre as montanhas de sua terra.

O mineiro tem muitos úteros. É parido de mãe, mas é parido da natureza, do passado, da história, da derrama, da inconfidência. O mineiro tem uma enorme mãe natureza, formada por montanhas cujo segredo não se sabe, cuja vista não se alcança e cujo colo não tem fim.

Há um amor recolhido e reprimido no mineiro, mal e mal expresso no riso pela metade, na palavra pela metade, no abraço e no aperto de mão tão tímidos...

Mas há um brilho, uma chama, um recurso mineral atômico dentro dele. Não explode, irradia.

O mineiro tem muitos fantasmas e adora histórias do outro mundo. O outro mundo é o que mais lhe atrai. Quem vive cercado de História, vive assombrado por fantasmas.
O mineiro vê com muito prazer e temor os fantasmas que se esgueiram pelas ruas escuras de suas cidades.

Quando uma igreja começa a tocar o sino, é o próprio coração do mineiro que soa metálico, pesado, lento, firme e cheio de uma paixão que se arrasta pelas ruas, sobe as ladeiras e some na escuridão ou na bruma.

Ainda não vivi uma experiência mais comovente do que o entardecer dessas fotos, ao som de música barroca que eu não sabia de onde vinha, mas imaginei: vem de todos as partes desta cidade mágica, vem dos lábios semi-cerrados do mineiro balbuciando como criança de colo.

terça-feira, agosto 18, 2009

Sacrifício

Em meu precário entendimento, sacrifício deriva de SACRO OFÍCIO. Um fazer sagrado.
Em todas as civilizações ditas esplêndidas houve sacrifícios. Alguns, como os gregos antigos, aztecas e maias, eram sacrifícios humanos, especialmente de crianças, com o fim de adular as divindades.
Hoje os sacrifícios de cunho religioso ainda são praticados de forma clandestina em algumas regiões do planeta.
Para os cristãos, Jesus representou o sacrifício perfeito, pois aboliu a necessidade de mais sacrifícios de sangue.
Pessoas raras assumem missões que envolvem o termo sacrifício. No entender delas, na verdade não é sacrifício, é doação, é bem. É sacro ofício. É fazer com o coração e por bondade. Essas pessoas raras dizem que recebem muito mais do que dão.
Penso que de uma forma ou de outra o sacrifício é o outro nome de nossa atmosfera. Não tem como fugir. Continuam, aos milhões, sacrifícios de sangue e de pessoas, ao redor do Planeta, de modo informal e invisível à maioria dos olhares.
Todos temos a nossa cota de sacrifício. Se alguns abdicam de suas cotas, alguém tem que cumprí-las. É matemático.

Somos o resultado de muitos esforços, que não são nossos.
(Georges Chevrot, Paris. * 08/01/1879 + 04/02/1958)

segunda-feira, agosto 10, 2009

Joaquim Mancebo Reis


Nasceu em 24 de fevereiro de 1925. Foi o terceiro filho de uma fornada de 16. Recebeu o nome do pai, Joaquim. Esse pai redimiu seu filho concreta e objetivamente, sem trêlêlê, logo de cara, sem mais-mais! Sendo ele (o pai) ateu, citou salomonicamente o episódio de Davi e resolveu ali, na hora, na bucha, de imediato, uma questão que teria ficado na salmoura da culpa por muito tempo! Não é qualquer um que na primeira cagada recebe a chancela do pai! É ou não é? O cara tem que estar podendo!!!
Diz a lenda que era moleque, muito moleque. Um de seus apelidos era "pintinho", pois gostava de enterrar os filhotes da galinha deixando só os biquinhos de fora, pra ouvir o piado.
Em função disto tornou-se um músico excepcional! Tomou algumas aulas por não mais que 2 meses e caiu fora, ou melhor, caiu dentro!
Era muito afinado e tornou-se um regente formidável! Todo mundo lembra de sua regência elegante e de sua voz fazendo o baixo nas melodias que aguentavam uma harmonia básica.
Fora isso foi um namorador inveterado. Um grande sedutor! Suas histórias com mulheres apaixonadas e enciumadas se resumem na seguinte: não compareceu ao casamento da irmã, pois duas de suas namoradas estariam presentes!!!
Na sua formação entrou um tio que emitiu sobre ele um comentário não muito favorável, do tipo, "esse aí não vai prestar pra nada", e podemos considerar que o segundo resgate de Joaquim Mancebo Reis aconteceu aí. Ah, é? Vamos ver quem não vai prestar pra nada! Eu que não vou te dar esse gostinho!
Essa fala desqualificadora foi crucial na vida dele, e teve um efeito propulsivo pra outra banda, que eu diria, olha, nem o mais celebrado motivador de pessoas teria feito melhor. Nem o Oscar Schmidt, nem o Bernardinho (apesar da fúria), nem o Amir Klink!
Com o nome do pai e ainda por cima, com a chancela do pai, quem iria dizer que Joaquim Mancebo Reis não seria um sucesso completo?
Quem?
Vivam os tios que mexem com os brios!!! Viva a rima fácil (hahahaha)!!!
Tornou-se um amante do trabalho e de tudo o que o trabalho poderia lhe trazer. Não se fez de rogado quando a fortuna lhe sorriu.
Tinha a característica singular de considerar que o outro é que estava muito bem de vida! Marotice de comerciante, não se iludam! Ô, seu Joaquim Mancebo Reis!... Que que é isso? Conta outra, né?
Como tudo começou com Davi, era natural que terminasse com ele. Joaquim Mancebo Reis, assim como Davi, foi um homem segundo o coração de Deus.
Protegido por Deus. Guardado por Deus. Amado por Deus. Amado por todos. Para sempre muito amado.
(continua)

terça-feira, agosto 04, 2009

O Jardim do Nêgo


A gente faz o seguinte: abstrai.
Abstrai.
Abstrai.
Abstrai.
Sendo possível, a gente volta o olhar para onde haja Beleza. É um escapismo recomendável para o momento.
Melhor ainda! A gente visita o ateliê de um cearense criador de arte única no mundo!
Querem mais, ou tá bom assim?
Fica na estrada Friburgo-Teresópolis.



Nêgo e a índia Potyra


Os Retirantes

O Elefante e os 4 Elementos

segunda-feira, agosto 03, 2009

Ironia Socrática

200 pessoas contraem a gripe suína e todo mundo já quer usar máscara.

1 milhão de pessoas têm AIDS e ninguém quer usar preservativo...



Recebi um email de um colega com coisas altamente conspiratórias sobre os laboratórios que estão por trás dessa nova doença. O título é: A PANDEMIA DO LUCRO.
Pelo que já tenho pensado a respeito, não tem nada conspiratório aí.

Mas o que me preocupa mesmo é a falta de vergonha dos políticos e a passividade bovina do povo brasileiro.

São 500 e poucos MASCARADOS contra quase 200 MILHÕES que se recusam a usar mecanismos legítimos de defesa.