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terça-feira, setembro 29, 2009

A Arte de Enfrentar Engarrafamentos

Mais cedo ou mais tarde acontece de você escrever um mini manual sobre qualquer assunto, relevante ou não.
Minha teoria sobre como fazer o sinal (de trânsito, o semáfaro) abrir, tem se mostrado infalível, nas repetidas vezes em que tem sido aplicada por mim e pelas pessoas que a conhecem.
Em primeira mão, vejam como é simples fazer um sinal abrir: procure o batom na sua bolsa. É infalível: assim que você põe a mão na bolsa o sinal abre!
Quanto aos engarrafamentos, não tenho nenhuma teoria, mas algumas sugestões pra uso imediato:
1) Passe torpedos (é um pouco arriscado, não deve ser tentado por qq pessoa);
2) Telefone usando o viva-voz; ponha os assuntos em dia, atualize sua vida social e/ou profissional.
3) Se estiver a fim, aproveite pra arrumar a sua bolsa.
4) Aposte consigo mesma(o) de que lado do carro passarão mais motoqueiros, durante um período de 10 minutos, por exemplo.
5) Procure a chave de casa dentro da bolsa.
6) Tente entender porque alguns motoristas sem nenhuma habilidade ficam tentando adivinhar qual fila vai andar mais rápido, e acabam atravessados na pista.
7) Tente ignorar a existência das vans e suas piscadas de farol.
8) Ligue o rádio na Voz do Brasil e se surpreenda: o Maluf é deputado federal? o
Albano Franco acha que o governo tem gasto muito mais dinheiro pra atender as vítimas das chuvas do que "propriamente" pra preveni-las? Agripino Maia é a favor de governos democratas na América Central? José de Sarney assinou a lei que proíbe a compra de votos? Artur Virgílio está indignado com a não destinação de verbas pros municípios? O Ministro das Relações Exteriores foi contra o empréstimo de um avião da FAB para transportar o presidente golpeado de Honduras? Afinal, o Brasil deu asilo político, ou ofereceu apenas uma hospedagem 0800 pro Zelaya e mais sessenta pessoas?
9) Mas a GRANDE DICA é: tenha sempre à mão uma embalagem brasileira pra abrir. Qualquer embalagem. Tem o copo de mate Leão, que até matar um leão de fato deve ser mais fácil. Recomendo as embalagens de castanhas, amendoins, até mesmo de confetes. É muito relaxante quando você consegue abrir a embalagem e toma um banho de mate ou vê, perplexo, as castanhas, amendoins e confetes saltando como fogos de artifício bem diante dos seus olhos!
Mas a embalagem campeã, que comprovadamente resiste a qualquer engarrafamento, é a do remédio Toragesic sublingual. É um anti-inflamatório excelente. Mas tente tirar o algodão de dentro do frasco! O algodão vem aos fiapos! Não se consegue tirar o algodão todo de um vez, pode esquecer! Ele vem, quando vem, em módicas parcelas. Por fim, quando você menos espera, sai aquele chumação! Pode jogar a metade fora e mesmo assim seu próximo engarrafamento estará garantido.
10) No mais, torça pra que, ao entrar no condomínio, você não precise esperar um "braço duro manobrar" numa vaga facílima...

quinta-feira, setembro 24, 2009

Viver e Morrer Entre os Seus

Meu avô espanhol morreu aos 87 anos de idade; poderia ter vivido mais 20 anos. Meu pai morreu aos 80, poderia ter vivido, bem!, mais 10 anos.
Minha tia Luciana, a irmã mais velha de papai, tem 86 anos e não está bem.
Quando meu avô morreu, na hora mesma de morrer, foi só o tempo de minha tia chegar do Mato Grosso e fazer uma oração.
Eu era adolescente e ponderei: ele só esperou ela chegar. Essa frase fez papai chorar porque sabia que era verdade; sabia que as almas que se amam anseiam uma pela outra antes de partir.
Meu pai morreu num dia 15 de novembro, feriado, com a família inteira no hospital, na hora da visita.
O Pastor Fanini também morreu entre os seus.
Eu fico admirada com essas "coincidências", porque... qual o quê!
Não há coincidências.
Nascemos, vivemos e morremos junto dos nossos. Esse é o desejo final da alma ao se despir do velho, bom e cansado corpo.
Ficar entre os seus; ser consolada pelos seus; consolar os seus.
Acompanhamos esse vai e vem na estação. Uns partindo, outros chegando... e as almas que se amam esperando uma despedida, uma oração, um salmo... um sinal, um apito, um grito "all aboard!"
Vai, minha alma, suave e lentamente, depositar um beijo de adeus naquele que se vai. Não se faça esperar.
E depois volte ligeiro pra perto dos seus.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Patrick Swayze

Foi-se, com a minha idade. Lutou contra males que (ainda) desconheço. Considero-me uma felizarda? Not at all.
Lamentei desde o princípio, amigo.
I´m so sorry about your pain, my friend.
Morrer não é nada.
Morrer não é nada, comparado ao sofrimento, à carbonização em vida, a esse processo de descolar a alma do corpo, deixar sair o espírito, romper a membrana espessa do desconhecido...
Você foi nosso Ghost camarada. Ensinou mais sobre a vida e a morte que milhares de prédicas somadas e multiplicadas.
Encarnou a solidariedade in the City of Joy. Oh, amigo, amigo!
Dançou. Dançou, dançou. Com pernas, braços, pupilas e sorrisos luminosos.
Dançou pra nossa geração. Dançou por nossa geração.
Que haja muito espaço pros teus passos, amigo.
Que teu palco seja iluminado por estrelas e sóis e luas e cometas...
Que a luz nunca te falte.
A paz.
A cura.
O descanso e a brandura.
Que milhares de anjos te reconheçam no primeiro segundo e te sigam e protejam e guardem e guiem e consolem e curem e te restabeleçam.
Pois foste para mim um príncipe encantado.

The world is round and the place which may seem like the end may also be the beginning.
(Ivy Baker Priest)

quarta-feira, setembro 09, 2009

09/09 - Dia do Veterinário


Quando nós morávamos no Rio, não tínhamos o que dizer dos veterinários lá de casa. Policlínica Veterinária Ipiranga e ponto final. Competentes e gentis, da recepcionista ao faxineiro. As velhinhas do Flamengo e Laranjeiras depositavam seus tesouros com inteira confiança nas mãos do Dr. Aristeu e seus colegas.

Aqui no interior, encontramos o Dr. Jefferson Farias, que além de competente e Homeopata, é um excelente entendendor de bichos e de donos de bichos.

Foi ele que ficou com minha gatinha Bibibe quando eu precisei viajar e ela estava muito doente.

terça-feira, setembro 08, 2009

Festa Sex-Agenária!

A Gente É Igual A Vinho Bom!

Vitória-Régia Coelho Mello


Vitória-Régia é uma pessoa rara. Eu procuro fugir dos chavões e reafirmo: Vitória-Régia é uma pessoa rara.
É o porto seguro, mas também a gaivota, os barcos e as histórias de pescador.
A estação de trem, mas também as viagens, as chegadas, partidas e o moço bonito que senta ao lado.
O aeroporto, mas também as decolagens, os vôos e a voz do comandante
(my God!).
A casa, mas também a rua.
O indivíduo, mas também a humanidade.
Ela, mas também os outros.
Sem querer ser exemplo de nada, tornou-se exemplar em tudo.
Ao cumprir mais um ano, festejou-o com uma celebração sex-agenária! Cantou, dançou, rodopiou, riu, emocionou e nas entrelinhas disse a quem tivesse ouvidos: meus filhos, parem de empatar a vida! A vida pode até ter obstáculos, mas não vamos piorar as coisas, certo? Vão à luta, crianças! Corram atrás dos seus sonhos! Estabeleçam metas! Quebrem paradigmas! Criem novas formas de ser feliz! Parem com essa caretice de que dependem de alguém ou de alguma coisa pra serem felizes! Dêm um tempo nessa choradeira sem fim! Vão fazer aula de dança! Vão fazer aula de canto! Vão tratar de viver a vida, porque de tão bela e curta, já é!
Com seu espírito livre é uma âncora. Com seu aparente laissez-faire chama direitinho à responsa!
É bússola, é mapa, é GPS!
Quem quiser ser feliz que a siga!
Ela ama intensamente e tudo o mais vem por acréscimo.
Este blog lhe deseja vitória!
Mais que vitória: Vitória-Régia!

terça-feira, setembro 01, 2009

A Alma Boa de Setsuan


"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida;
Estes são os imprescindíveis" (Bertolt Brecht).


Com a peça "A Alma Boa de Setsuan", Brecht recorre ao mito de Deus procurando por uma só alma bondosa, de modo a dissuadí-lo de acabar com o mundo. Tal pessoa, na peça, é alguém que abre mão de seus próprios desejos para satisfazer ao outro. E mesmo agraciada com uma fortuna, acaba perdendo-a, por não saber se livrar dos aproveitadores. A saída para ela foi criar um outro personagem, este sim, capaz de dizer não e impor limites.

Brecht escreveu, não importa quando, para a modernidade. Pensando numa sociedade organizada e científica. Sua escrita projeta os problemas humanos de modo muito contundente e se recusa a oferecer qualquer resposta. Quer que pensemos. Quer que deixemos a zona de conforto. Quer que sejamos capazes de acreditar em mudanças, sejam quais forem as circunstâncias. Hoje a psicologia até enquadra aspectos de A Alma Boa de Setsuan no conceito de co-dependência...

Mas, é claro, não é isso que interessa!

Lembrei dessa peça hoje, no seu aniversário, Professor José César Monteiro de Queiróz. Você se enquadra perfeitamente no título dessa peça. Uma Alma Boa.
Uma pessoa boa.
Um companheiro solidário.
Uma presença marcante.
Um abraço genuíno.
Imprescindível.

Se fosse no tempo de Noé, você estaria na Arca. No tempo de Ló, escaparia da destruição. E em Setsuan, Brecht encontraria você!