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sábado, abril 14, 2012

Indo para a Foz do São Francisco.

Aracaju, que não vive sem Alagoas e Bahia


Gentem! Embora tenha que acordar cedíssimo amanhã para mergulhar no delta do S.Fx., não posso deixar de dizer a vocês o quão enganosa foi a primeira vista de Aracaju. Nós que somos guiados por pessoas semelhantes a nós, fomos apresentados primeiro à banda podre, digamos assim. Este grupo não tem o dom de desfrutar de bons hotéis, mas as cidades costumam ser boas. Só que estamos num local, digamos assim, que seria como se estivéssemos num hotel furreca numa rua ridícula perto da feira dos paraíbas em São Cristóvão. Ora, se estivéssemos naquele local, estaríamos achando o Rio a pior cidade do mundo!
Só que não é bem assim. Agora à noite conhecemos a orla de Aracaju propriamente dita, cheia de bons restaurantes, ótimos e excelentes hotéis (o Radisson, vejam vcs!). Há restaurantes temáticos, com boa decoração e música. A comida, já sabíamos, não é grande coisas e é cara. Para não sofrer à noite, comi 2 pastéis de camarão e um doce de jaca dos deuses.
Vou ver se consigo postar umas fotinhas, pedindo perdão a vocês e a Aracaju pela avaliação precipitada.
A Bíblia já adverte: ai dos cegos guiando cegos.
É bem isso.

Aracaju, que não vive sem Alagoas e Bahia

Galera, Aracaju é uma coisa. Sobretudo, é uma ótima rima.
Calor infernal, hotel ZERO estrelas, ou, como diz a companheira Marli, hotel de céu nublado, comida impossível, padaria do tempo de lampião. Hã. Só quero ver. Aliás, não quero ver mais nada. Por hoje já vi um sarapatel que a Marli comeu lambendo os beiços e que eu disse que parecia picadinho de p.i.c.a. de presidiário. 
Salada de tomate e cebola num ambiente total de falta de assepsia associado a falta de decoro. Apareceram uns seres de identidade duvidosa que vôticontá!
Mas a galera é ótima e engraçadíssima. Só isso já tá valendo.




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Olha, gentem, me amarrota que tô passada! Fizemos um passeio hoje que consistiu em cruzar o pequeno Estado de Sergipe, de Aracaju ao noroeste, quando se pode contemplar o Estado das Alagoas na outra margem do rio São Francisco. 
São apenas 210 km. O Estado do Rio tem o dobro da extensão no comprimento. Hoje andamos como se da divisa com o ES até a cidade do RJ.
Sensações misturadas ao sair da 4ª maior produtora de petróleo do BR, cruzar o sertão sergipano, alcançar o trecho onde não é mais sertão pq utilizam a irrigação - até chegar no majestoso rio Xingó e suas belíssimas formações rochosas.
O motorista da van, Sr. Roberto, foi falando com justificável orgulho de sua terra. E a gente olhava pela estrada, só estrada (modesta mas boa) e vazio. Nenhum trânsito, algumas cidades de pequeno porte, vilarejos, alguns trechos da rota do cangaço, acolá uma cidade maior, cuja fonte de riqueza é a produção de grandes caminhões, e a seguir o deserto, o vazio, um jegue ou outro, um sergipano ou outro.
Deu o que pensar. O seu Roberto nasceu no sertão e ama a sua terra. Viveu na carne as penúrias do sertanejo, apesar de seu jeitão holandês. E disse o quanto nos últimos 12 anos o povo melhorou de vida, ganhou dignidade, a vida de todos melhorou.
Ele repete frases de campanha. E afirma que aconteceu.
Nós que vivemos desistindo desse país, dessa "patriazinha que não rima com mãe gentil" (Vinicius de Moraes), ficamos pensando pq esse governo mântrico dá com u´a mão e tira com a outra? Pq esse governo sátiro, espalhafatoso, covarde, insano, que acoberta aloprados, ladrões, maus brasileiros, ajuda a formar quadrilhas e se alimenta da contravenção, pq esse governo que se vangloria de ter saído do sertão, renega tanto esse povo generoso e grato nas migalhas?
Pq? Pq? Pq?
O seu Roberto ama sua terra e a exalta, amparado pelas bolsas que o governo andou distribuindo. O que o seu Roberto não sabe é que se não houvesse tanto roubo e tanta perversidade, o Brasil seria um país de todos e não apenas das classes A, C, D, aqueles ajudando a manter os esquemas e estes guardando no peito uma tal e tão gentil gratidão, que jamais deixará de votar na perversidade da esmola.
Pensando nisso, olhando o vazio da paisagem, senti sono e dormi sonhando com uma pátria que rime com mãe gentil e de todos.



Esta foto é do passeio aos canyons do Rio Xingó. Mto lindo.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

23 Semanas de Paixão

Não é a primeira vez que viajo e espero não ser a última. Em 2010 o rolé pela Europa (e África - Egito) abriu meus olhos para esse tipo de viagem que daqui a pouco terei encerrado. Meu vôo sai às 21:30h e Londres se despede de mim com sol, céu azul e sem vento.
É preciso conhecer os lugares não só de ouvir falar.
Londres é uma cidade sem paralelos. Vive de extremos intermediados pela imutável idéia da realeza. Tudo o que cheira mal em Londres não é londrino; e tudo o que limpa, esfrega e lustra Londres, também não o é.
Não creio que Londres esteja com material humano preparado pras Olimpíadas. Mas quem está? Se utilizarem a mão de obra usual, as pessoas não serão bem tratadas (com exceção da mão de obra do assim chamado leste europeu). Se utilizarem a mão de obra inglesa, deixarão as Olimpíadas a cargo de pessoas inexperientes, definitivamente não acostumadas a servir.
Vem de longe essa necessidade inglesa de ser servida e ter vassalos. Não é de se admirar que não os vemos nos lugares de serviço presencial.
Os londrinos têm senso de humor, sim, mas é pra uso doméstico. Diferente dos espanhóis e portugueses que o têm para todos os usos.
Os londrinos têm paixão pela cultura e pela leitura, mas já estão excessivamente apegados às tecnologias virtuais, embora com culpa.
Estive numa livraria (bookshop) e a coisa que mais chamou a minha atenção foi o desgaste das escadas. No metrô e nos trens 60% das pessoas está lendo e dos 40% restantes 10% não está fazendo nada e 20% está mexendo nos seus gadgets.
Em Londres não há o londrino típico. Na periferia tampouco.
Os ingleses estarão em Plymouth, Bath, Oxford, Denver, ou em lugares ainda mais remotos em relação à capital.
Londres é um grande caldeirão de culturas onde às vezes (muitas vezes) fiquei irritada por ouvir dialetos tão diferentes e a única voz que fala inglês é a que anuncia as paradas dos ônibus e metrôs.
Mas se um indiano ou paquistanês consegue um lugar pra morar e trabalhar em Londres ele vai tratar você com a superioridade dos ingleses. Engraçado, não? E às vezes você fala inglês muito melhor que eles...
Bem, a história é essa. Hoje é o último dia de uma excelente temporada fora de casa. Temporada esta que me deu a sensação de estar com as raízes frouxas e ser capaz de morar em qualquer lugar e dele fazer minha casa.
Digo até breve por que esta terra me deixou com sede e fome e tenho que voltar.