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terça-feira, dezembro 29, 2009

Chuvas

Hoje não havia a intenção, mas desafiei a natureza e seu curso meticuloso, dirigindo à noite, com chuva, ao mesmo tempo tirando fotos e passando torpedos.
Esse meu heroísmo tão bobinho (e perigoso) se deu porque eu amo a chuva. Amo o clima da chuva, o cheiro da chuva, o bafo ou o frescor da chuva (amo mais o frescor).
Ora eu via ondas caudalosas cruzando o asfalto e descendo em espiral pelas curvas abaixo, ora eu mesma era tomada pelo ponto cego da água barrenta vindo sobre meu campo de visão, me obrigando a ficar no vazio e no nada por alguns segundos.
Poderia vir um carro atrás? Sim. Na frente? Sem dúvida. Tudo é possível quando se sai de casa.
É sabido que um temporal tem forma, começo, meio e fim.
O grande barato da chuva é entrar nela e surfar em seu temporal temperamental.
É pegar onda na água do céu e do chão e nos raios mais adiante, confiando que os pneus de fato isolam e seguram o carro.
É saber (sim, saber) que ninguém virá na próxima curva.
É também saber que, sim, é melhor esperar passar a curva porque de lá vem um enorme caminhão.
Um temporal temperamental tem marcadores, deixa pistas e rastros, e por ser temperamental pode acabar de chofre, como também pode fingir que acabou e desabar 20 metros à frente.
É o máximo ver as águas de março fechando dezembro.
São as mesmas águas que prometem vida em nosso coração jobiniano. Afinal, estamos indo pra um novo ano: novas estações nos aguardam, e, quem sabe, quantos temporais?
Fiz fotos de pura alegria e contentamento (estão no orkut).
Experimentando múltiplos prazeres simultâneos, a chuva levando tudo, trazendo raios e energia, lavando, enxugando, curando, saciando, abraçando e beijando... Clandestina no meio da noite nos atracamos eu o temporal temperamental. Ninguém levou a pior.
Na chuva todos somos dançarinos perfeitos.

sábado, dezembro 12, 2009

La Negra, Alfonsina y El Mar





Por decidir não ser mais tão bem informada sobre as coisas do cotidiano, deixo de saber de algumas notícias, por exemplo, a morte do Pitta. Sim, um mal exemplo. Então tá bem, lá vai um bom exemplo: a morte da Mercedes Sosa.

Há textos tão poéticos e refinados sobre sua vida e morte que me calo. Só peço que ouçam esta voz cansada, marcada pela insuficiência, pela Doença de Chagas, e vejam se Alfonsina não teria ido recebê-la com seus poemas de sal e de mar.

Mercedes Sosa tem uma biografia invejável, que inclui a luta contra as ditaduras e o exílio. Foi reverenciada por seus pares e muito querida pelos músicos brasileiros.

Uma voz poderosa. É possível ouví-la forte e potente em vídeos mais antigos. Escolhi esta gravação por ser a voz de uma idosa enferma e cansada.

Familiares e amigos da cantora construíram um site para manter uma parte dela viva: mercedessosa.com.ar (La Negra Radio Web, 24 horas no ar).

Ela se foi em 4 de outubro deste ano.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Kur yt yba


antes

depois





É uma cidade, capital de Estado, afinal!

Inicialmente conhecida como Vila de N.Sra. da Luz dos Pinhais, foi nomeada em guarani, Kur yt yba, significando "grande quantidade de pinheiros".

Tem os melhores índices do país (IDH, educação, meio ambiente, comércio, clima).

E os torcedores do Coritiba Foot Ball Club? São curitibanos? Ou coritibanos, talvez?

Seu estádio - o Couto Pereira - foi grandemente depredado pelos curitibanos ou coritibanos neste último domingo (06/12/09).

Eu poderia esperar até mesmo que a torcida do Fluminense tivesse esse grau de vandalismo, mas nunca os curitibanos ou coritibanos.

Pessoas lindas, bem nutridas, com boa educação, ótimos índices de desenvolvimento humano, torcendo, sofrendo, chorando... e se transformando subitamente numa horda de bárbaros, quebrando tudo e todos.

Quando se fala de algumas torcidas do Rio de Janeiro, se pensa que são as detentoras do condão de transformar tudo em uma praça de guerra.

Quando se fala de Curitiba, se pensa em pessoas educadas, muito cônscias de seu lugar no mundo, bairristas, até! Nunca se poderia imaginar que seriam atores de tamanha fúria.
A Ópera do Arame teria - assim - um sentido subliminar?

segunda-feira, novembro 30, 2009

Ladrões de Idéias

Saramago nunca roubou uma idéia minha.
Saramago nem de longe escreveu sobre alguma coisa pensada por mim.
Saramago só saberá muito mais tarde que foi um modelo pra mim.

João Ubaldo Ribeiro nunca roubou uma idéia minha.
João Ubaldo Ribeiro nem de longe escreveu sobre alguma coisa pensada por mim.
João Ubaldo Ribeiro nem mesmo chegou a ser um modelo pra mim.

É bom que me explique:
Saramago escreve sobre temas que me afligem, digamos assim. Saramago fez inovações formais na sua escrita. Parece fácil, mas é muito complicado. Saramago mora numa das Ilhas Canárias.
Saramago tem um livro rejeitado que até hoje não foi publicado. Seu segundo romance foi escrito 30 anos após o primeiro.
Saramago nasceu em novembro (ele não lerá isto, pois consideraria uma grande bobagem; ainda bem).

João Ubaldo Ribeiro foi criado no açoite da literatura, no chicote do dicionário e no ferrão da gramática e de provas orais perante o pai, diariamente. E seu pai era autoritaríssimo.
João não ficou traumatizado, ao contrário, entrou pra Academia Brasileira de Letras aos 52 anos de idade.
João Ubaldo Ribeiro não acha que haja mosquitos em Itaparica. Longe disso! Em Itaparica morrem, vivem e tornam a morrer todos ou quase todos os seus personagens.
João Ubaldo Ribeiro traduziu "Viva o Povo Brasileiro" para o inglês (havia traduzido "O Sargento Getúlio"), idioma no qual é fluentíssimo.
João Ubaldo Ribeiro não lerá o que escrevo, portanto, não ficará furioso ao saber que destaquei que ele não nasceu em novembro.

Elizabeth Gilbert, sim! Ahhhhhha. Elizabeth Gilbert roubou minha idéia. E foi mais além na sua ousadia: colocou a idéia em prática.

sexta-feira, novembro 27, 2009

The Thanksgiving Day







O Dia de Ação de Graças vem a ser o feriado nacional mais importante para a família norte-americana. Sim, senhores. Mais importante que o Natal.
O sentido deste feriado é celebrar a prosperidade e agradecer por ela.
O primeiro TD se deu em 1621, em Plymouth (MA), quando após o rigoroso inverno de 1620, os colonos ingleses obtiveram uma colheita abundante, se consideraram aptos a viver no Novo Mundo e resolveram agradecer a Deus e comemorar com um farto banquete.
Isto teria ocorrido no final do outono, quando se encerram as colheitas.
Somente 200 anos depois é que o feriado se tornou oficial, por proclamação do presidente Lincoln, estabelecendo que seria comemorado no último dia de novembro (1863). Naqueles idos o feriado era regional. Em 1941 o presidente Roosevelt assinou o projeto de lei determinando que a comemoração seria na 4ª quinta feira de novembro.
Os símbolos do TD são elementos do cultivo e da culinária simples do norte dos EUA, ancorada naquele primeiro banquete coletivo e ao ar livre, com perus, batata doce, milho e molho de amoras.
Os índios nativos (os Wampanoag) tiveram uma importância fundamental na sobrevivência e adaptação dos europeus ao Novo Mundo: ensinaram-lhes o cultivo do milho e de outros alimentos, e a reconhecer e a evitar as plantas que eram venenosas. Lamentavelmente seu thanksgiving não foi dos mais amáveis, pois vieram a ser massacrados pelo "invasor".
É uma data em que as famílias se reúnem para um festival gastronômico e para uma convivência de um fim-de-semana prolongado, onde são feitas as devidas atualizações dos laços e das histórias familiares.
Obviamente a macaquice de imitação trouxe o Dia de Ação de Graças para o Brasil. Ora, um Dia de Ação de Graças é sempre muito louvável, mas deveria ter ao menos uma contextualização nativa, como é o caso dos EUA e Canadá. Ocorre que o embaixador Joaquim Nabuco achou bacanas as comemorações em Nova Iorque e o presidente Dutra sacramentou a lei. Típico.
Os primeiros passageiros do Mayflower a aportar no Mundo Novo chegaram para construir e estabelecer ali uma vida que consideravam impossível ter na Europa. Não foram invasores. Não eram degredados. Levaram as famílias, as crenças e os valores morais elevados; construíram vilas e cidades; foram os principais atores na formação do povo e do país mais poderoso do planeta.
Ponhamo-nos a pensar.

quarta-feira, novembro 25, 2009

A Estrondosa Vida Amorosa dos Gatos

São 3:39 da madrugada do dia 25/11/09. Fui acordada por barulho, gritos, miados e latidos.
Saí da cama e fui pra varanda ver o que se passava.
O barulho era o de uma forte discussão, curiosamente entremeada por sussurros indefinidos.
Vou para o Google, que afinal é pra onde devemos ir se não queremos desaproveitar o tempo, e se a curiosidade é suficiente, e encontro um cardápio vasto.
Pois bem. Leio um artigo muito bem escrito no site "Os Gatos". Parece que é um site português. Não há a identificação do(a) autor(a).
Aprendo um pouquinho mais quando leio que o comportamento do felino durante a cópula em nada se compara ao de qualquer outro animal doméstico.
É o seguinte: a fêmea se deixa levar de um elevado grau de incitabilidade sexual para um acesso de agressividade num piscar de olhos. Assim que se realizam os trabalhos a gata emite um som muito alto e agudo e separa-se violentamente do gato, podendo, se facilitar, mandar uma tapona nas fuças dele.
O intercurso sexual dos gatos é muito parecido com uma briga verdadeiramente feia e assustadora.
Mas o mais incrível é que o casal pode repetir a extravagante experiência de 10 a 20 vezes num mesmo dia!
Agora mesmo volto a ouvir miados que em muito se assemelham ao choro de crianças de colo. Só que mais dramáticos.
Diz o texto que os machos são dados mais à "vagabundagem" que as fêmeas - sem maiores explicações; diz a seguir que as fêmeas, por terem um período definido de cio, podem copular com vários machos diferentes (é certo que elas procuram os mais fortes e bonitos, aqueles que dominam a paisagem...).
A coisa mais interessante do texto é a informação de que os felinos (sejam os domésticos, sejam os de grande porte) formam um "casal provisório" quando a fêmea está no cio.
Normalmente os tigres e os leões levam uma vida solitária e só se juntam às fêmeas durante o cio, permanecendo com elas apenas alguns dias.
Gostei de saber que o leão é um felino social que pratica a poligamia.
Dificilmente se verá no reino animal felino aquela situação humana típica de "DR" - discutir a relação.
São 4:04 agora. Parece que os gatos foram cantar em outra freguesia. Eu e a cachorrada poderemos voltar a dormir em paz.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Crianças de Domingo

Daniel Bergman, hoje com 47 anos de idade, dirigiu "Crianças de Domingo" aos 40 anos, baseado em uma história escrita por seu pai, Ingmar Bergman. Ingmar era filho de pastor protestante, fato sobre o qual é muito espinhoso tecer comentários. No texto de "Crianças de Domingo" Ingmar procura entender e se entender com o pai, mas também se coloca como a pessoa que era. Ser filho de pastor na Suécia, numa época em que os casamentos eram arranjados e havia uma certa pompa em tudo - é só rever Fanny e Alexander - não foi fácil para uma criança de domingo.
Ingmar nasceu em 1918.
Daniel faz um belíssimo filme com a história do pai e do avô. Eu o vi no cinema apenas uma vez e foi marcante. O filme foi lançado em 1992 (Söndagsbam).
Os suecos acreditam que as crianças nascidas no domingo têm uma sensibilidade especial.
Eu nasci num domingo, às 11 horas da manhã.
Poderia não haver sol, mas havia luz e claridade. Os primeiros dias de novembro não costumam ter o tempo firme. Nasci, pelo que sei, num dia meio "enferruscado".
Havia a luz do dia, acima das nuvens e do mau tempo.
Desde então peguei a claridade das 11 da manhã e tentei torná-la em luz e clareza.
Fui uma criança de domingo na acepção sueca do termo. Meu campo de consciência, de audição, de visão, de percepção sempre foram aguçados.
Precoce em muitos aspectos, tenho memórias bem remotas, por exemplo, de uma noite em que não me sentia bem e chamava por minha mãe... quem veio foi meu pai e perguntou como se pergunta a um adulto "o que é que você quer?". Naquela pergunta dissolveu-se o mal estar anterior dando lugar a um sentimento sólido atravessado na garganta, sentimento de incompreensão do que era o que eu queria, afinal? Como eu poderia (no sentido de ter capacidade) transmitir a meu pai o que eu queria, se eu estava chamando por minha mãe?
Quando se chama pela mãe é porque não sabemos o que queremos, ou sabemos que o consolo da mãe resolverá o mal estar, sem precisarmos saber o que nos incomoda.
Como Ingmar precisei exorcizar coisas que acontecem a todas as crianças, mas que com as crianças de domingo adquirem outra dimensão.
As crianças de domingo necessitam de âncora afetiva, não de puxões de orelha ou perguntas inadequadas.
Crianças de domingo precisam de uma ausculta toda especial. Não é com paus e pedras e dogmas e tábuas de mandamentos que as crianças de domingo vão se adequar ao mundo.
Também não é com preconceitos, julgamentos e condenações.
Gosto de pensar em mim como um espermatozóide valente e campeão numa corrida com milhões de concorrentes! A quantidade enorme de gametas numa fecundação se deve ao elevado número de obstáculos a vencer.
Alcançar a existência exige desde o início a superação de obstáculos.
Tenho pesar em avaliar o quanto uma criança sofre, por ser incompreendida, exigida demais, atada, calada e reprimida. Tenho pelas crianças um sentimento enorme de compaixão, pois carregam fardos quase insuportáveis. É preciso continuar sendo aquele espermatozóide valente e campeão o tempo todo!
Quem trabalha com crianças sabe o quanto o mundo adulto prevarica e abusa delas. Não há maldade nisso. O mundo é que não foi formatado pra incluir as crianças em sua estrutura. O mundo olha apenas para o adulto embutido na criança.
Convivi com crianças muito pequenas num orfanato em Apiaí, SP. Algumas delas tinham marcas e cicatrizes horríveis de espancamento parental. Lembro de um menino de 4 ou 5 anos que tinha a cabeça bastante deformada pois o pai batia nele com vergalhão. Deveríamos falar de Deus a essas crianças. Deus pai, Deus amor. Deus protetor.
Mas foi aquele menino que me falou de Deus, quando com voz doce e quase inaudível disse "papai do chéu".
Que adulto teria tal doçura na voz, após ser espancado brutal e covardemente?

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Eu nada sei, só sei que toda criança deveria ser tratada como uma criança de domingo.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Navigare necesse; vivere non est necesse".

Escrevi abaixo alguma coisa de minha cabeça oca. Correndo atrás do prejuízo dei com uma monografia que explica melhor a frase, que nem é de Fernando Pessoa. Foi dita por Pompeu, um Big Boss romano, para estimular seus soldados em meio a uma tempestade. Mais tarde Hamburgo pegou a frase emprestada e a inscreveu em seu brasão. Hamburgo é uma cidade portuária alemã.
Enfim, trata-se de uma apologia à aventura, mais do que à vida. A navegar, mais do que a viver. A tornar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil.
Sendo assim, mantenho o texto abaixo, mas tento dar u´a melhorada aqui em cima.
Sem esquecer que hoje em dia se navega com total segurança por todo o planeta, sem sair do lugar.
Quando muito, o computador vai junto.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Navegar é Preciso, Viver não é Preciso



Caso típico de verbo multifuncional.
Navegar é preciso, necessário.
Viver não é preciso, não tem medida certa, não tem precisão na medida.
Embora concorde que navegar é preciso, necessário, também dá pra dizer que navegar não é preciso, não tem parâmetros confiáveis.
Viver não é preciso, não tem parâmetro confiável, mas também viver é necessário, até indispensável.

Navegar é preciso. Viver não é preciso.
Navegar como se fosse exato, viver como se fosse necessário. Navegar como se fosse necessário, viver como se houvesse exatidão.

domingo, outubro 04, 2009

Rio 2016

7 anos (7 é um número cabalístico, representa a perfeição). Temos 6 anos, como no tempo bíblico, pra reinventar o Rio de nossas almas, memória e coração, de modo que serão 6 anos de trabalho árduo - e de preferência honesto - pra deixar o Paraíso pronto, para que no 7º dia haja descanso e se possa dizer: está tudo muito bom.
O Rio de Janeiro é uma das cidades mais lindas do mundo, dessas que, parece, Deus cuidou pessoalmente; talhou, moldou, pintou e bordou, com extrema alegria e senso de liberdade...
O Rio de Janeiro pertence às pessoas de bem, de bom gosto e de bem com a vida.
O Rio merece ficar livre de tudo o que não lhe diz respeito.




Em 2009 o Rio de Janeiro estava esvaziado e sem forma, coberto de trevas e de sombras, e à beira do abismo.
Em 2010 alguém, talvez o próprio povo, disse: haja luz. E houve a separação entre a luz e as trevas. E foi notória esta separação. A luz dissipava as trevas e as trevas jamais foram maiores que a luz.
Em 2011 alguém, talvez o próprio povo, disse: haja atmosfera e haja oceanos. E tanto a atmosfera quanto as águas eram próprios para o consumo. Não havia poluição a embargar o livre respirar de tudo o que viria a ter lugar na cidade.
Em 2012 alguém, talvez o próprio povo, disse: que o Rio de Janeiro volte a se cobrir de verde. Que seus montes e vales sejam recuperados pelas plantas e vegetação apropriados.
Em 2013 alguém, talvez o próprio povo, disse: que as estrelas brilhem no firmamento, o sol e a lua. E que este luzir seja suficiente para orientar a cidade no caminho de sua própria luz.
Em 2014 alguém, talvez o próprio povo, disse: que as águas sejam tão puras e habitáveis que haja peixes em abundância, e frutos marinhos da melhor espécie. Que o ar esteja tão puro e propício, que os pássaros e até mesmo as aves migratórias façam do Rio de Janeiro o seu habitat natural.
Em 2015 alguém, talvez o próprio povo, disse: nesse ritmo, quando será criado o homem? Pois havia chegado a vez de criar os seres viventes, começando pelos animais, as bestas feras, cada qual segundo a sua espécie, inclusive e finalmente, o homem.
Em 2016, com a beleza restaurada da cidade mais linda do planeta, a belíssima cidade reinventada recebeu legiões de pessoas para uma das mais emocionantes festas de confraternização e atualização de potência pessoal e coletiva.
Sem favelas, sem favelados, sem esgoto a céu aberto, sem poluição, sem mau cheiro, sem milícias e comandos, sem drogas e drogados, sem a desídia municipal, estadual e federal; sem vagabundos e trambiqueiros em geral; sem mais ninguém, senão o sopro divinal encarnado na mais perfeita tradução do brasileiro: o carioca verdadeiro.
E viva o Rio de Janeiro!

terça-feira, setembro 29, 2009

A Arte de Enfrentar Engarrafamentos

Mais cedo ou mais tarde acontece de você escrever um mini manual sobre qualquer assunto, relevante ou não.
Minha teoria sobre como fazer o sinal (de trânsito, o semáfaro) abrir, tem se mostrado infalível, nas repetidas vezes em que tem sido aplicada por mim e pelas pessoas que a conhecem.
Em primeira mão, vejam como é simples fazer um sinal abrir: procure o batom na sua bolsa. É infalível: assim que você põe a mão na bolsa o sinal abre!
Quanto aos engarrafamentos, não tenho nenhuma teoria, mas algumas sugestões pra uso imediato:
1) Passe torpedos (é um pouco arriscado, não deve ser tentado por qq pessoa);
2) Telefone usando o viva-voz; ponha os assuntos em dia, atualize sua vida social e/ou profissional.
3) Se estiver a fim, aproveite pra arrumar a sua bolsa.
4) Aposte consigo mesma(o) de que lado do carro passarão mais motoqueiros, durante um período de 10 minutos, por exemplo.
5) Procure a chave de casa dentro da bolsa.
6) Tente entender porque alguns motoristas sem nenhuma habilidade ficam tentando adivinhar qual fila vai andar mais rápido, e acabam atravessados na pista.
7) Tente ignorar a existência das vans e suas piscadas de farol.
8) Ligue o rádio na Voz do Brasil e se surpreenda: o Maluf é deputado federal? o
Albano Franco acha que o governo tem gasto muito mais dinheiro pra atender as vítimas das chuvas do que "propriamente" pra preveni-las? Agripino Maia é a favor de governos democratas na América Central? José de Sarney assinou a lei que proíbe a compra de votos? Artur Virgílio está indignado com a não destinação de verbas pros municípios? O Ministro das Relações Exteriores foi contra o empréstimo de um avião da FAB para transportar o presidente golpeado de Honduras? Afinal, o Brasil deu asilo político, ou ofereceu apenas uma hospedagem 0800 pro Zelaya e mais sessenta pessoas?
9) Mas a GRANDE DICA é: tenha sempre à mão uma embalagem brasileira pra abrir. Qualquer embalagem. Tem o copo de mate Leão, que até matar um leão de fato deve ser mais fácil. Recomendo as embalagens de castanhas, amendoins, até mesmo de confetes. É muito relaxante quando você consegue abrir a embalagem e toma um banho de mate ou vê, perplexo, as castanhas, amendoins e confetes saltando como fogos de artifício bem diante dos seus olhos!
Mas a embalagem campeã, que comprovadamente resiste a qualquer engarrafamento, é a do remédio Toragesic sublingual. É um anti-inflamatório excelente. Mas tente tirar o algodão de dentro do frasco! O algodão vem aos fiapos! Não se consegue tirar o algodão todo de um vez, pode esquecer! Ele vem, quando vem, em módicas parcelas. Por fim, quando você menos espera, sai aquele chumação! Pode jogar a metade fora e mesmo assim seu próximo engarrafamento estará garantido.
10) No mais, torça pra que, ao entrar no condomínio, você não precise esperar um "braço duro manobrar" numa vaga facílima...

quinta-feira, setembro 24, 2009

Viver e Morrer Entre os Seus

Meu avô espanhol morreu aos 87 anos de idade; poderia ter vivido mais 20 anos. Meu pai morreu aos 80, poderia ter vivido, bem!, mais 10 anos.
Minha tia Luciana, a irmã mais velha de papai, tem 86 anos e não está bem.
Quando meu avô morreu, na hora mesma de morrer, foi só o tempo de minha tia chegar do Mato Grosso e fazer uma oração.
Eu era adolescente e ponderei: ele só esperou ela chegar. Essa frase fez papai chorar porque sabia que era verdade; sabia que as almas que se amam anseiam uma pela outra antes de partir.
Meu pai morreu num dia 15 de novembro, feriado, com a família inteira no hospital, na hora da visita.
O Pastor Fanini também morreu entre os seus.
Eu fico admirada com essas "coincidências", porque... qual o quê!
Não há coincidências.
Nascemos, vivemos e morremos junto dos nossos. Esse é o desejo final da alma ao se despir do velho, bom e cansado corpo.
Ficar entre os seus; ser consolada pelos seus; consolar os seus.
Acompanhamos esse vai e vem na estação. Uns partindo, outros chegando... e as almas que se amam esperando uma despedida, uma oração, um salmo... um sinal, um apito, um grito "all aboard!"
Vai, minha alma, suave e lentamente, depositar um beijo de adeus naquele que se vai. Não se faça esperar.
E depois volte ligeiro pra perto dos seus.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Patrick Swayze

Foi-se, com a minha idade. Lutou contra males que (ainda) desconheço. Considero-me uma felizarda? Not at all.
Lamentei desde o princípio, amigo.
I´m so sorry about your pain, my friend.
Morrer não é nada.
Morrer não é nada, comparado ao sofrimento, à carbonização em vida, a esse processo de descolar a alma do corpo, deixar sair o espírito, romper a membrana espessa do desconhecido...
Você foi nosso Ghost camarada. Ensinou mais sobre a vida e a morte que milhares de prédicas somadas e multiplicadas.
Encarnou a solidariedade in the City of Joy. Oh, amigo, amigo!
Dançou. Dançou, dançou. Com pernas, braços, pupilas e sorrisos luminosos.
Dançou pra nossa geração. Dançou por nossa geração.
Que haja muito espaço pros teus passos, amigo.
Que teu palco seja iluminado por estrelas e sóis e luas e cometas...
Que a luz nunca te falte.
A paz.
A cura.
O descanso e a brandura.
Que milhares de anjos te reconheçam no primeiro segundo e te sigam e protejam e guardem e guiem e consolem e curem e te restabeleçam.
Pois foste para mim um príncipe encantado.

The world is round and the place which may seem like the end may also be the beginning.
(Ivy Baker Priest)

quarta-feira, setembro 09, 2009

09/09 - Dia do Veterinário


Quando nós morávamos no Rio, não tínhamos o que dizer dos veterinários lá de casa. Policlínica Veterinária Ipiranga e ponto final. Competentes e gentis, da recepcionista ao faxineiro. As velhinhas do Flamengo e Laranjeiras depositavam seus tesouros com inteira confiança nas mãos do Dr. Aristeu e seus colegas.

Aqui no interior, encontramos o Dr. Jefferson Farias, que além de competente e Homeopata, é um excelente entendendor de bichos e de donos de bichos.

Foi ele que ficou com minha gatinha Bibibe quando eu precisei viajar e ela estava muito doente.

terça-feira, setembro 08, 2009

Festa Sex-Agenária!

A Gente É Igual A Vinho Bom!

Vitória-Régia Coelho Mello


Vitória-Régia é uma pessoa rara. Eu procuro fugir dos chavões e reafirmo: Vitória-Régia é uma pessoa rara.
É o porto seguro, mas também a gaivota, os barcos e as histórias de pescador.
A estação de trem, mas também as viagens, as chegadas, partidas e o moço bonito que senta ao lado.
O aeroporto, mas também as decolagens, os vôos e a voz do comandante
(my God!).
A casa, mas também a rua.
O indivíduo, mas também a humanidade.
Ela, mas também os outros.
Sem querer ser exemplo de nada, tornou-se exemplar em tudo.
Ao cumprir mais um ano, festejou-o com uma celebração sex-agenária! Cantou, dançou, rodopiou, riu, emocionou e nas entrelinhas disse a quem tivesse ouvidos: meus filhos, parem de empatar a vida! A vida pode até ter obstáculos, mas não vamos piorar as coisas, certo? Vão à luta, crianças! Corram atrás dos seus sonhos! Estabeleçam metas! Quebrem paradigmas! Criem novas formas de ser feliz! Parem com essa caretice de que dependem de alguém ou de alguma coisa pra serem felizes! Dêm um tempo nessa choradeira sem fim! Vão fazer aula de dança! Vão fazer aula de canto! Vão tratar de viver a vida, porque de tão bela e curta, já é!
Com seu espírito livre é uma âncora. Com seu aparente laissez-faire chama direitinho à responsa!
É bússola, é mapa, é GPS!
Quem quiser ser feliz que a siga!
Ela ama intensamente e tudo o mais vem por acréscimo.
Este blog lhe deseja vitória!
Mais que vitória: Vitória-Régia!

terça-feira, setembro 01, 2009

A Alma Boa de Setsuan


"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida;
Estes são os imprescindíveis" (Bertolt Brecht).


Com a peça "A Alma Boa de Setsuan", Brecht recorre ao mito de Deus procurando por uma só alma bondosa, de modo a dissuadí-lo de acabar com o mundo. Tal pessoa, na peça, é alguém que abre mão de seus próprios desejos para satisfazer ao outro. E mesmo agraciada com uma fortuna, acaba perdendo-a, por não saber se livrar dos aproveitadores. A saída para ela foi criar um outro personagem, este sim, capaz de dizer não e impor limites.

Brecht escreveu, não importa quando, para a modernidade. Pensando numa sociedade organizada e científica. Sua escrita projeta os problemas humanos de modo muito contundente e se recusa a oferecer qualquer resposta. Quer que pensemos. Quer que deixemos a zona de conforto. Quer que sejamos capazes de acreditar em mudanças, sejam quais forem as circunstâncias. Hoje a psicologia até enquadra aspectos de A Alma Boa de Setsuan no conceito de co-dependência...

Mas, é claro, não é isso que interessa!

Lembrei dessa peça hoje, no seu aniversário, Professor José César Monteiro de Queiróz. Você se enquadra perfeitamente no título dessa peça. Uma Alma Boa.
Uma pessoa boa.
Um companheiro solidário.
Uma presença marcante.
Um abraço genuíno.
Imprescindível.

Se fosse no tempo de Noé, você estaria na Arca. No tempo de Ló, escaparia da destruição. E em Setsuan, Brecht encontraria você!

sábado, agosto 29, 2009

Two Lovers

Esse filme escrito e dirigido por James Gray - um sujeito abusado que no filme de estréia (Little Odessa) escalou Tim Roth e Vanessa Redgrave, sem falar em Maximiliam Schell. Foi uma estréia luxuosa e premiada: ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza em 1994, ano do filme. O cara tinha 24 anos!
Quinze anos depois escreve e dirige "Two Lovers". Em Portugal, Duplo Amor. No Brasil, Amantes.
Gostaria de saber o que Gray quis dizer ao nomear seu filme, pois na história aparecem dois ou três amantes, e o tema recorrente de seus filmes volta apenas um pouco abrandado por paixões, mas continua sendo a história de imigrantes que procuram a América com um instinto libertador quase desesperado, e se tornam igualmente desesperados e aflitos para manter sua identidade cultural. A América seria apenas um lugar arejado...
Two Lovers conta a história de uma família judia que toca um negócio familiar e espera fazer uma fusão com outra família do mesmo ramo e da mesma origem, inconscientemente incluindo na transação o filho (Joaquin Phoenix) muito perturbado.
Leonard é americano "atípico", que já deveria estar casado, mas ainda mora com os pais.
A primeira cena do filme mostra o que será o personagem: encharcado de emoções, instável, imprevisível, cheio de cicatrizes mal curadas.
Enquanto a gente vê um filme vai fazendo outro filme. Essa é a força do cinema.
Tive dificuldade em escrever meu filme, pois Two Lovers tem uma densidade dramática anormal, mas saí do cinema com uma idéia fixa: o amor da mãe (judia) é inquestionável.
E a namorada judia, a quem ele não queria tanto assim, lhe prometeu claramente ser como uma mãe pra ele: vou cuidar de você.
A mãe percebeu que Leonard iria fugir com a mulher por quem era apaixonado e lhe disse: você sempre poderá voltar pra sua casa.
Leonard não apenas volta pra casa, como também termina o filme abraçado à namorada judia, pois foi abandonado pela mulher que amava.
Amor é o que deixa ir e recebe de volta com a mesma naturalidade e singeleza - no filme representado pela belíssima Isabella Rossellini.
Não sei o que se passa com as mulheres nas famílias judias; mas os homens, certamente, têm uma necessidade visceral do amor de suas mães.

Joaquin Phoenix

É meu ator preferido de todos os tempos.
Ele tem uma cicatriz.
Os artistas que têm marcas faciais, distúrbios vocais e orelhas de abano têm o meu respeito.
Joaquin não valoriza a cicatriz, mas não a esconde. Como não se trata de fenda palatina, poderia ter feito uma plástica.
Há cicatrizes que valem ouro.
Valem mais que o selo do rei, a marca do dono...
Quem lida bem com suas cicatrizes interiores lida melhor ainda com as exteriores, e vice-versa.

quarta-feira, agosto 26, 2009

As Brumas de Ouro Preto




Os mineiros de Ouro Preto são apaixonados por sua cidade e quando se referem a ela, mudam o olhar na direção do horizonte e começam a falar como em transe, que sua cidade é mais que seu lugar, seu pai, sua mãe, sua raiz.

Há em seu olhar um brilho enviezado, quase turvo, molhado de quase-lágrimas, pois é como se falassem da mãe e do pai, da avó e do avô, do português e do escravo, das minas escuras e cheias de riquezas, do sonho eternamente sonhado de permanecer abrigado entre as montanhas de sua terra.

O mineiro tem muitos úteros. É parido de mãe, mas é parido da natureza, do passado, da história, da derrama, da inconfidência. O mineiro tem uma enorme mãe natureza, formada por montanhas cujo segredo não se sabe, cuja vista não se alcança e cujo colo não tem fim.

Há um amor recolhido e reprimido no mineiro, mal e mal expresso no riso pela metade, na palavra pela metade, no abraço e no aperto de mão tão tímidos...

Mas há um brilho, uma chama, um recurso mineral atômico dentro dele. Não explode, irradia.

O mineiro tem muitos fantasmas e adora histórias do outro mundo. O outro mundo é o que mais lhe atrai. Quem vive cercado de História, vive assombrado por fantasmas.
O mineiro vê com muito prazer e temor os fantasmas que se esgueiram pelas ruas escuras de suas cidades.

Quando uma igreja começa a tocar o sino, é o próprio coração do mineiro que soa metálico, pesado, lento, firme e cheio de uma paixão que se arrasta pelas ruas, sobe as ladeiras e some na escuridão ou na bruma.

Ainda não vivi uma experiência mais comovente do que o entardecer dessas fotos, ao som de música barroca que eu não sabia de onde vinha, mas imaginei: vem de todos as partes desta cidade mágica, vem dos lábios semi-cerrados do mineiro balbuciando como criança de colo.

terça-feira, agosto 18, 2009

Sacrifício

Em meu precário entendimento, sacrifício deriva de SACRO OFÍCIO. Um fazer sagrado.
Em todas as civilizações ditas esplêndidas houve sacrifícios. Alguns, como os gregos antigos, aztecas e maias, eram sacrifícios humanos, especialmente de crianças, com o fim de adular as divindades.
Hoje os sacrifícios de cunho religioso ainda são praticados de forma clandestina em algumas regiões do planeta.
Para os cristãos, Jesus representou o sacrifício perfeito, pois aboliu a necessidade de mais sacrifícios de sangue.
Pessoas raras assumem missões que envolvem o termo sacrifício. No entender delas, na verdade não é sacrifício, é doação, é bem. É sacro ofício. É fazer com o coração e por bondade. Essas pessoas raras dizem que recebem muito mais do que dão.
Penso que de uma forma ou de outra o sacrifício é o outro nome de nossa atmosfera. Não tem como fugir. Continuam, aos milhões, sacrifícios de sangue e de pessoas, ao redor do Planeta, de modo informal e invisível à maioria dos olhares.
Todos temos a nossa cota de sacrifício. Se alguns abdicam de suas cotas, alguém tem que cumprí-las. É matemático.

Somos o resultado de muitos esforços, que não são nossos.
(Georges Chevrot, Paris. * 08/01/1879 + 04/02/1958)

segunda-feira, agosto 10, 2009

Joaquim Mancebo Reis


Nasceu em 24 de fevereiro de 1925. Foi o terceiro filho de uma fornada de 16. Recebeu o nome do pai, Joaquim. Esse pai redimiu seu filho concreta e objetivamente, sem trêlêlê, logo de cara, sem mais-mais! Sendo ele (o pai) ateu, citou salomonicamente o episódio de Davi e resolveu ali, na hora, na bucha, de imediato, uma questão que teria ficado na salmoura da culpa por muito tempo! Não é qualquer um que na primeira cagada recebe a chancela do pai! É ou não é? O cara tem que estar podendo!!!
Diz a lenda que era moleque, muito moleque. Um de seus apelidos era "pintinho", pois gostava de enterrar os filhotes da galinha deixando só os biquinhos de fora, pra ouvir o piado.
Em função disto tornou-se um músico excepcional! Tomou algumas aulas por não mais que 2 meses e caiu fora, ou melhor, caiu dentro!
Era muito afinado e tornou-se um regente formidável! Todo mundo lembra de sua regência elegante e de sua voz fazendo o baixo nas melodias que aguentavam uma harmonia básica.
Fora isso foi um namorador inveterado. Um grande sedutor! Suas histórias com mulheres apaixonadas e enciumadas se resumem na seguinte: não compareceu ao casamento da irmã, pois duas de suas namoradas estariam presentes!!!
Na sua formação entrou um tio que emitiu sobre ele um comentário não muito favorável, do tipo, "esse aí não vai prestar pra nada", e podemos considerar que o segundo resgate de Joaquim Mancebo Reis aconteceu aí. Ah, é? Vamos ver quem não vai prestar pra nada! Eu que não vou te dar esse gostinho!
Essa fala desqualificadora foi crucial na vida dele, e teve um efeito propulsivo pra outra banda, que eu diria, olha, nem o mais celebrado motivador de pessoas teria feito melhor. Nem o Oscar Schmidt, nem o Bernardinho (apesar da fúria), nem o Amir Klink!
Com o nome do pai e ainda por cima, com a chancela do pai, quem iria dizer que Joaquim Mancebo Reis não seria um sucesso completo?
Quem?
Vivam os tios que mexem com os brios!!! Viva a rima fácil (hahahaha)!!!
Tornou-se um amante do trabalho e de tudo o que o trabalho poderia lhe trazer. Não se fez de rogado quando a fortuna lhe sorriu.
Tinha a característica singular de considerar que o outro é que estava muito bem de vida! Marotice de comerciante, não se iludam! Ô, seu Joaquim Mancebo Reis!... Que que é isso? Conta outra, né?
Como tudo começou com Davi, era natural que terminasse com ele. Joaquim Mancebo Reis, assim como Davi, foi um homem segundo o coração de Deus.
Protegido por Deus. Guardado por Deus. Amado por Deus. Amado por todos. Para sempre muito amado.
(continua)

terça-feira, agosto 04, 2009

O Jardim do Nêgo


A gente faz o seguinte: abstrai.
Abstrai.
Abstrai.
Abstrai.
Sendo possível, a gente volta o olhar para onde haja Beleza. É um escapismo recomendável para o momento.
Melhor ainda! A gente visita o ateliê de um cearense criador de arte única no mundo!
Querem mais, ou tá bom assim?
Fica na estrada Friburgo-Teresópolis.



Nêgo e a índia Potyra


Os Retirantes

O Elefante e os 4 Elementos

segunda-feira, agosto 03, 2009

Ironia Socrática

200 pessoas contraem a gripe suína e todo mundo já quer usar máscara.

1 milhão de pessoas têm AIDS e ninguém quer usar preservativo...



Recebi um email de um colega com coisas altamente conspiratórias sobre os laboratórios que estão por trás dessa nova doença. O título é: A PANDEMIA DO LUCRO.
Pelo que já tenho pensado a respeito, não tem nada conspiratório aí.

Mas o que me preocupa mesmo é a falta de vergonha dos políticos e a passividade bovina do povo brasileiro.

São 500 e poucos MASCARADOS contra quase 200 MILHÕES que se recusam a usar mecanismos legítimos de defesa.

sexta-feira, julho 31, 2009

Presunção de Paternidade

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) comemorou nesta sexta-feira (31) as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a crise do Senado não é dele e de que não foi ele quem elegeu José Sarney (PMDB-AP). Para Cristovam, a afirmação de Lula libera os senadores do PT para defenderem publicamente a saída de Sarney da presidência da Casa.

“A razão que poderia levar alguns senadores do PT a defender Sarney era que o próprio presidente Lula faz isso. Com essa declaração ele liberou os senadores do PT a se alinhar aos que pedem pelo menos a licença do presidente Sarney”, disse o senador do PDT. Cristovam acredita que a situação de Sarney piorou durante o recesso parlamentar.
“Nesses quinze dias o clima acirrou ainda mais com as novas denúncias, que são ainda mais graves. Por outro lado, parece estar surgindo uma luz no fim do túnel.
(...) Estão ficando muito poucos a favor do presidente Sarney. Até os aliados dele já tem a convicção de que a saída de Sarney é inevitável”.
Para o senador, no entanto, a simples renúncia de Sarney não resolveria o problema da Casa. Cristovam acredita que será preciso fazer uma reforma estrutural na administração do Senado para recuperar a credibilidade da instituição.


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, senadores liliputianos!!!!
Quando falam em credibilidade, na verdade estão se referindo a linhas e linhas de crédito!

POBRE POVO BRASILEIRO!!!

Mordaça

O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, proibiu nesta sexta-feira (31) o jornal "Estado de S. Paulo" de publicar qualquer informação, que esteja sob segredo de justiça, referente ao inquérito da Operação Boi Barrica, que investiga Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

O jornal "Estado de S.Paulo" informou que vai recorrer da decisão.

A determinação, concedida em caráter liminar, estipula multa de R$ 150 mil para cada reportagem publicada pelo jornal que descumpra a decisão. Para evitar “lesão grave e de difícil reparação” a Fernando Sarney, o desembargador determina que o jornal “se abstenha quanto à utilização (de qualquer forma, direta ou indireta) ou publicação dos dados relativos ao agravante (Fernando Sarney)”.

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O diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, apresentou nesta sexta-feira (31) ao presidente da casa, José Sarney (PMDB-AP), em São Paulo, uma proposta para anular todos os 511 atos secretos.
As medidas vão desde demissão até a devolução aos cofres públicos de valores pagos indevidamente e serão anunciadas na semana que vem, antes da primeira reunião do Conselho de Ética. Até agora, o conselho já recebeu 11 pedidos para investigar Sarney. Mas os senadores do PMDB afirmaram que vão dar o troco nos oposicionistas que têm feito denúncias contra o presidente do Senado. Na semana que vem, também pretendem apresentar representações contra esses oposicionistas no Conselho de Ética.

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A quem pensam enganar com essas baboseiras de demissões e devolução de $?


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O líder do PSDB no Senado Federal, senador Arthur Virgílio (AM), afirmou nesta quarta-feira que vai devolver aos cofres da Casa as despesas com o salário de um ex-funcionário de seu gabinete que recebeu sem prestar serviços. O servidor recebeu três salários mesmo morando no Exterior. Arthur Virgílio disse que se for preciso vai vender bens para "ter a consciência tranquila". "Eu pequei gravemente ao permitir que um funcionário meu fizesse curso no Exterior recebendo do Senado. Isso eu não tenho resposta, então estou ressarcindo o Senado, vendendo coisas minhas, da minha família, para honrar minha consciência e os cofres do Senado", afirmou ele. Arthur Virgilio voltou a se defender das denúncias de que teria recebido um empréstimo do ex-diretor-geral Agaciel Maia e ultrapassado limites com gastos de saúde com o tratamento de sua mãe.

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Nenhuma casa de tolerância se compara ao congresso nacional...

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Primeira manifestação pública de Jackson Lago (PDT) depois de ter sido afastado pela Justiça do governo do Maranhão e substituído por Roseana Sarney (PMDB): "O verdadeiro ato secreto é o Maranhão. Aqui, não são os parentes que são nomeados para os cargos, são os cargos que são criados para os parentes. As instituições têm dono. Nomeiam-se tribunais, fóruns, assembléias, câmaras e até cidade com o sobrenome Sarney.
Aqui, o presidente Lula jamais inaugurou uma obra. Aqui, o governador eleito pelo povo não indicou ou nomeou quem quer que seja para um único cargo federal. Aqui, o golpe de 64 ainda não acabou. O estafeta dos generais, o fiador do golpe é o seu testamentário. Aqui, parentes presidem o Tribunal Eleitoral. O Tribunal de Contas intimida prefeitos com o nome da governadora em sua fachada. Uma máquina de mentiras controla os meios de comunicação para atacar e difamar os adversários.
A Justiça vergonhosamente curvou-se para cassar a soberana vontade do povo maranhense. Sem cargo público, sem mandato, fui acusado de abuso de poder econômico e de mídia. Décadas de luta, de sangue, de construção de uma alternativa democrática, foram surrupiadas por quatro votos. A Constituição foi rasgada para dar posse ao perdedor. Que o Brasil não se iluda. Sarney é apenas a ponta de um iceberg chamado Maranhão. "

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Oh... não deixem de falar sobre a outra vítima da RAPINA: o AMAPÁ!!!

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sexta-feira, julho 24, 2009

Sarney Voltou Para a Primeira Página

Diálogos gravados durante a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, revelam que a família Sarney atuou na Justiça e demonstrou intimidade com integrantes do Poder Judiciário. Além disso, as gravações mostram o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como operador da família nos negócios e na política, segundo reportagem publicada hoje pelo jornal "O Estado de S.Paulo".
De acordo com a reportagem, um dos alvos preferidos de Fernando é o setor elétrico. Os diálogos mostram Fernando e o irmão falando sobre "negócio quente" no Maranhão, Fernando recebendo telefonema do senador Maguito Vilela (PMDB-GO), Fernando falando sobre indicação no Ministério das Minas e Energia e Fernando e José Sarney conversando sobre a Operação Boi Barrica.
Já Sarney, segundo os diálogos, telefona para avisar o filho Fernando sobre o andamento de um dos recursos apresentados pelos advogados da família ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), para ter acesso aos autos da investigação. Sarney orienta o filho a procurar um "amigo", que poderia ajudar.
Ontem, o jornal mostrou que os diálogos apontam ainda para a prática de nepotismo pela família Sarney no Senado e ligam o presidente da Casa ao ex-diretor-geral Agaciel Maia e aos atos secretos.
Durante o recesso parlamentar, Sarney se refugia em sua casa na ilha de Curupu, no litoral do Maranhão. A assessoria de imprensa do senador confirmou que ele está na ilha, mas ressaltou que nenhum contato foi feito ao longo do dia para que ele comentasse a divulgação dos diálogos gravados pela Polícia Federal que indicam a participação direta do presidente do Senado na edição dos atos secretos.
Em um dos diálogos, o empresário Fernando Sarney, filho do senador, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes.
Segundo a gravação, Sarney se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto.
A contratação de Bernardes complicou a situação de Sarney. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), promete apresentar a quarta denúncia contra o peemedebista no Conselho de Ética pela interferência a favor da nomeação dele.
Ontem, a Diretoria Geral da Casa informou que o servidor será demitido. Bernardes é um dos 218 funcionários identificados pela comissão que foi criada por Sarney para analisar a anulação dos atos secretos.
A expectativa é que ele seja exonerado com os outros servidores em até 20 dias, quando termina o prazo para que a comissão conclua os trabalhos e apresente um relatório final com recomendações sobre a revogação das decisões administrativas que foram mantidas em sigilo nos últimos 14 anos.
Apesar de ter sido nomeado para trabalhar no órgão central de coordenação e execução da Diretoria Geral, Bernardes estaria lotado no Serviço Médico do Senado.

Naturalmente estamos todos com muita dor de cotovelo, pois quem não ia querer uma boquinha no Senado?
Se os arquibiliardários herdeiros das oligarquias nordestinas ambicionam esses empreguinhos, que fará nós, o povo?
Nós, o povo, nem fazemos questão de atos secretos. Concursos já estaria de bom tamanho, Sr. José Ribamar.

quinta-feira, julho 23, 2009

Corra, Lola, corra!

Pelo menos pararam de sofismar e mentir, e já estão falando mais claramente que o bicho pegou, tá pegando e vai pegar!!! Estamos em pandemia. Não foi possível restringir a doença apenas aos que tinham chegado de áreas de risco.
No caso, bicho é o codinome de tempo curto, pneumonia e morte.
O vírus está à solta e disponível. Só nos resta dizer a quem interessar possa que o tempo é curto. Se você está gripado e não melhora, corra pra um hospital, prum centro de referência. Corra, Lola, corra!
Mantenha uma distância considerável dos que espirram e tossem como se a atmosfera lhes pertencesse somente a eles.
Lave as mãos, lave o rosto, não fique perto de quem tosse ou espirra. Fique alerta se tem febre alta, dores musculares e articulares.
Se não melhorar, procure um hospital de referência.
Não deixe evoluir para pneumonia. Fique esperto!

quarta-feira, julho 22, 2009

Atos Secretos

Quatro dos 15 senadores que integram o Conselho de Ética do Senado tiveram assessores nomeados ou exonerados por atos secretos, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo em 17/07/09.

São eles:

Demóstenes Torres (DEM-GO), Almeida Lima (PMDB-SE), Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC).
Conhecemos todos eles de outros carnavais (ops! CPI´s). Vestais da moralidade e dos bons costumes.
O presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), disse considerar os atos secretos "uma bobagem inventada por alguém".
Segundo a Folha, Demóstenes aparece ligado a três medidas, duas delas referentes a troca de cargos. Ideli teve um assessor nomeado por ato secreto em seu gabinete. A assessoria da petista nega.
Outro nome envolvido com os atos secretos é o de Romeu Tuma (PTB-SP) que está no conselho porque é corregedor da Casa. Em 2004 ele assinou, como primeiro secretário, 32 atos que constam em boletim administrativo que só foi publicado em maio passado.
Romeu Tuma é nosso velho conhecido, alguém que tem se apresentado como um verdadeiro xerife no Congresso.
A imprensa já empurrou os atos secretos para as terceiras e quartas páginas dos jornais, mas é bom dizer que já se chegou ao número 650 dessas obscenidades.


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Isto me faz pensar em como as pessoas são freudianas. Atos secretos!!! Algo que sempre fez parte do menu da igreja católica do século XIX, e de algumas representantes do pensamento fundamentalista deste século, agora virou eufemismo no Senado!
Eu acho que o pecado original já fez todo o serviço. Não precisava de mais nada.
Hum....
Lembrei da piada que correu na época em que o marajá do Maranhão terminou seu mandato presidencial. Diziam as charges:
- Mãeeeeeeee!!! Acabei!!!!!!!!!!!



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Mas tudo isso é bobagem, considerando o que está por trás de todo e qualquer escândalo.
Diogo Mainardi diz com todas as letras que a equação é simplérrima: Lula ordenou que o PT corresse em defesa de Sarney porque muito lhe interessa; sim, muito lhe interessa a ele, pessoa física. Senão vejamos:

Olhe só que farra:
- Uma afilhada de José Sarney está para ser indicada por Lula à Anatel.
- A Anatel está mudando a lei para beneficiar a Oi, que comprou a empresa do filho de Lula.
- Um dos donos da Oi, Carlos Jereissati, é sócio no shopping-center Praia de Belas, em Porto Alegre, de Jorge Murad, o genro de José Sarney.
Se tudo der certo, a árvore genealógica do lulo-sarneyzismo vai ficar assim: Lula nomeia a afilhada de José Sarney, ela muda a lei para favorecer o sócio do marido da filha de José Sarney, cuja empresa bancou o filho de Lula, que assina a lei.
Eu disse certa vez que o desejo de Lula era se transformar num José Sarney. Na verdade, ele foi muito mais longe do que isso: transformou-se num parente. Um parente político e empresarial. Os herdeiros das antigas dinastias européias se uniam em casamento. Os herdeiros das atuais dinastias políticas brasileiras se unem em empresas cotadas na bolsa de Nova York. De um lado, o rei de Garanhuns. Do outro, o rei do Amapá. No meio dos dois, o ducado tucano do Ceará.
De uns tempos para cá, sempre que eu denuncio alguma estranheza, os leitores reagem repetindo o mesmo mantra:
- Isso não vai dar em nada.
A estranheza denunciada neste podcast se refere à parceria entre o dono da Oi e os familiares de José Sarney, que cria mais um conflito de interesse na Anatel, como se não bastasse a empresa do filho de Lula. Qual será o resultado prático dessa denúncia? Nenhum. A afilhada de José Sarney será aprovada pelo Senado. A Anatel mudará a lei para permitir a venda da Brasil Telecom à Oi. O BNDES financiará o negócio. Carlos Jereissati controlará a companhia tendo menos de 3% de seu capital. Daniel Dantas aumentará seu rebanho de gado no Pará.
Mas é assim que funciona a imprensa. Quem tem o papel de julgar os políticos é a magistratura. Quem tem o papel de mudá-los é o eleitor. A imprensa pode somente noticiar e comentar os fatos. É pouco? Claro que é pouco. É melhor gastar seu tempo comigo ou com Tolstói? Claro que é melhor gastá-lo com Tolstói. A escolha para o jornalista diante de uma notícia é muito simples: consiste em publicá-la ou sonegá-la. Publicá-la nunca dá em nada. Sonegá-la sempre dá em algo ainda pior.



Sim, não importa a que preço, o que a corja quer é atender a interesses domésticos. Como diria a minha tia: Que coisa, meu Deus!


quarta-feira, julho 08, 2009

Heal The World





Depois que as hienas e predadores se saciarem com todos os esqueletos no armário de MJ, e a poeira baixar, vão ver que além do artista genial, era um sujeito preocupado com o planeta e a civilização moderna, tal qual John Lennon.

segunda-feira, junho 29, 2009

Amores Peludos







Eu vi "Amores Perros", com Gael Garcia Bernal.
Quem viu, sabe que não tem nada a ver; foi apenas uma lembrança.
Mas quem lembra sabe que no filme poucos amores foram comparáveis aos amores perros.
Eu sei que há uma crítica à sociedade etc etc etc...
Mas eu amo meus pets, essa é que é a verdade.
Reparem que os cães são mais gregários que os gatos.
Pelo menos aqui em casa.

segunda-feira, junho 22, 2009

Meu Poeta Preferido

"A conquista da liberdade é algo que faz tanta poeira, que por medo da bagunça, preferimos, normalmente, optar pela arrumação."
Carlos Drummond de Andrade

domingo, junho 21, 2009

Radicais Livres

A bioquímica deu um grande passo quando estudou e elucidou o mecanismo dos radicais livres. Não é fácil de explicar mas é simples de entender. A queima de oxigênio pelas células deixa algumas ligações (radicais) livres com carga negativa, que são altamente reativas e capazes de se associar rapidamente a cargas positivas que estejam por perto. Isto resulta no que se chama de oxidação. Ora, a atmosfera da terra é composta basicamente de oxigênio, é o que nos faz ter vida e saúde. Porém, se há um excesso na oxidação metabólica, por um acúmulo de radicais livres no ambiente celular, acaba acontecendo um colapso, a que se chama de stress oxidativo.
Em outras palavras, o mesmo oxigênio que nos faz viver é aquele que nos faz envelhecer e adoecer.
Nossa atmosfera é oxidante, e não somente alguns metais como o ferro sofrem esse efeito.
Os seres vivos "enferrujam" em função do mesmo oxigênio que nutre suas células.
Esse fenômeno mostra o quão delicado e tênue é o ponto de equilíbrio. Pouco ou nenhum oxigêncio, morte. Muita queima de oxigênio, morte.
Nossa vida e morte dependem do mesmo elemento!
Às vezes ficamos preocupados em nos manter oxigenados, e na verdade o que pode estar nos oprimindo é a presença dos radicais livres, ou seja, a pobreza de conexões estáveis na molécula de oxigênio, o que aumenta a presença de espaços vazios na cadeia molecular. Essas lacunas são preenchidas tão rapidamente por elementos estranhos à cadeia molecular que acabam descaracterizando o modelo bioquímico.
Decorrem daí as mutações e padrões celulares caóticos.
Por menos que gostemos disso, qualquer excesso se transforma num grande problema.
"Radicais livres" é uma expressão que tem a ver com "ligações bioquímicas mal feitas".
Mas enquanto expressão literária tem uma conotação interessante, e até divertida: como o radical pode ser livre?
Só se você imaginar que esses radicais estão confinados numa grande estrutura fechada, onde vivem correndo de um lado para o outro, tentando uma ligação aqui e outra acolá, às vezes conseguindo, às vezes não, sentindo-se livres para ir de um ponto ao outro, mas inteiramente presos numa trama em que tecem - eles mesmos - a própria decadência.
O equilíbrio bioquímico é precário. Assim como tudo na vida.


"Eu sei que faz parte da natureza humana escamotear o que lhe cabe em seus dramas pessoais e considerar o outro como 100% vilão. Ora, onde tem dois, tem dois! Nem na unidade existe 100% de certeza ou 100% de acerto. Mas eu sei que faz parte da natureza humana considerar o outro (aquele que não correspondeu à expectativa) como o que tem a exclusividade do erro. Experimente contar a versão do outro. Experimente não ser seletivo naquilo que relata ou omite. Experimente ser honesto quando tratar de assuntos que envolvam o outro. Dê ao outro o benefício da dúvida. Dê ao outro o direito de ser melhor do que você... Mesmo que você negue, o outro pode ser mais evoluído, mais interessante, mais inteligente, mais bonito, mais generoso, mais altruísta, mais justo, mais compassivo... muito mais do que você! Por que você não aproveita pra tentar ser como ele? Sempre se precisa de bons exemplos!...["Quanto mais alto um homem voa, menor se torna aos olhos daqueles que não sabem voar"] - (F. Nietzsche).

sexta-feira, junho 19, 2009

Um Breve Espaço

Acontece na nossa vida assim, tudo muito rápido, e muito grande, e muito breve - lembrei de Drummond dizendo que o grande cabe no breve espaço. Ele se referia ao amor, que por natureza é sem tamanho, mas que cabe. Cabe num espaço breve.
Amei meu pai em espaços breves, de beijar seu rosto, de tocar no seu braço, de tentar ser como ele, de facilitar sua vida, de evitar desgostos, de levá-lo ao médico, de cuidar dele.
Procurei amá-lo nas situações apertadas, em que o abraço era tímido, o corpo duro, a entrega pouca. E nesses espaços breves e apertados, o amor era grande.
Citando: ... O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.O amor por meu pai começou no breve choro dele quando eu nasci. E a partir de então, me alimentei das tênues fantasias de ser a sua preferida, de parecer com ele, de querer parecer com ele, de não querer absolutamente parecer nada com ele. Amava-o muito ao ouvir suas palavras e frases sempre tão econômicas, breves, sucintas.
Quase nunca eu queria concordar com ele, mas muitas vezes tive que me render.
O amor por meu pai persistiu apesar de nossos desentendimentos, sempre muito inferiores à nossa cumplicidade. Persistiu nos breves anos em que convivemos de perto, nos breves dias em que nos víamos diariamente, naquelas breves manhãs em que eu descia e lhe beijava o rosto, porque sabia que aos oitenta anos a vida fica por um fio.
Quando eu saía com o carro de ré, da garagem, ficava olhando pra ele, aquela figura vistosa apesar de velhinho, robusto e tão lindo, dava uma buzinadinha e ele acenava em resposta.
Foi meu companheiro, no breve espaço de dois anos de convivência. Completamente fiel ao seu destino de ter reinado por décadas em meu coração. E tenho tanta certeza de que ele vive em alguma estrela, em alguma pousada de anjos, em algum lugar bem confortável e satisfatório, que, tenho certeza, ele aproveitaria qualquer breve e fugaz momento para me dizer frases longas e me dar abraços apertados e beijos e confirmações e tudo o que, na verdade, eu acho que ele está fazendo desde que se foi.

domingo, junho 14, 2009

A Roda da Fortuna

Se tem uma coisa que a roda da fortuna faz muito bem é girar.
Se tem uma coisa que o tempo faz muito bem é passar.
Se tem uma coisa que as feridas fazem muito bem é sarar.
Se tem uma coisa que a noite faz muito bem é amanhecer.
Se tem uma coisa que o rio faz muito bem é correr para o mar.
Se tem uma coisa que as pessoas fazem muito bem é repetir seus erros.
Se tem uma coisa que eu pretendo fazer muito bem é aprender com meus erros.
Se tem uma coisa que a experiência ensina muito bem é "maldito o homem que confia no homem".
Maldito é quem confia!
Que assertiva implacável!

sábado, junho 13, 2009

Poetas, Seresteiros, Namorados, Correi

Pros violeiros incuráveis, as cifras de uma bela canção.

(Gilberto Gil)

Tom: D7+
D7+ Em7 F#m7 D5+/7
Poetas, seresteiros, namorados, correi
Gm7 C7 F7+ A#7+
É chegada a hora de escrever e cantar
Em7 A5+/7 Dm7
Talvez as derradeiras noites de luar
D#m7
Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
F7+ G Dm7
Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
Cm7 F7/9-
Sei lá que mais
A#7+ Am7 D7 Gm7
Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
C7
E em tudo o início dos tempos do além
Cm7 F7/9
Em cada consciência, em todos os confins
A#7+ Fm7 A#m Fm7
Da nova guerra ouvem-se os clarins
A#m Fm7 A#m C7 F7/9
Guerra diferente das tradicionais, guerra de astronautas nos espaços siderais
G# C# A# D#
E tudo isso em meio às discussões, muitos palpites, mil opiniões
F7 G7
Um fato só já existe que ninguém pode negar, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já!
C7+ Gm7 C7+ Gm7 C7+
E lá se foi o homem conquistar os mundos lá se foi
Gm7 C7+ Gm7 C7 F
Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi
Fm7 Em7 D#7+ Dm7
Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
G7/9- C7+ Am7 Dm7 G7/9- C7
A lua foi alcançada afinal, muito bem, confesso que estou contente também
F#º Em7 D#7+
A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Dm7 G7/9- Em7 A7 Dm7
Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção
G7/9 Em7 A7
O que será do verso sem luar?
Am7 D7 G7/9 Gm7 C6/7
O que será do mar, da flor, do violão?
F#º Fm7 Em7 D#7+
Tenho pensado tanto, mas nem sei
D7+ Em7 F#m7 D5+/7
Poetas, seresteiros, namorados, correi
Gm7 C7 F7+ A#7+
É chegada a hora de escrever e cantar
Em7 A7 G Dm7
Talvez as derradeiras noites de luar