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domingo, outubro 07, 2007

Inverno Astral

Não, caro leitor, gentil leitora, não houve erro de digitação. São situações opostas em graus de temperatura, um em nossa realidade física, outro na imaginária, mas há mais semelhanças entre inverno e inferno (por que será que eu não gosto nada da palavra inferno? e adoro a palavra inverno, está entre uma das minhas palavras preferidas - inverno - embora não goste nada do inverno) do que supõe nossa vã filologia.
Eu associo ambas ao desconforto. O inverno é muito romântico, notadamente no hemisfério norte, onde há inúmeras tentativas de conforto, mas a verdade é que o inverno é bom de se ver, tem lá sua estética, mas é a situação em que mais a gente deseja o seu oposto. Uma vez estava em Boston no inverno e ao sair do restaurante pra pegar o carro, alguém perguntou "pra onde vamos?". Eu visivelmente desconfortável fui respondendo: pra um lugar bem quentinho, pra uma sauna, pra uma fogueira, pro inferno!!!
No inverno as coisas se burilam e amadurecem, é a estação própria do "ócio criativo" da natureza.
Acho que no inferno também as coisas se burilam e amadurecem. Li recentemente (pela primeira vez) "A Divina Comédia", e percebi que naqueles terrores descritos como inexoráveis, há uma brecha, uma quebra de código, uma via de escape, mínima, quase virtual (sem entrar no mérito da história, vá lá, antes que alguém diga que o amor pode tudo).
O inferno dantesco é infinitamente pior que o hades bíblico, porque no primeiro não há resgate ou retorno possível.
Não estou querendo provar nada, aliás, vejo que estou sem tese.
O point é que daqui a um mês mais ou menos estarei fazendo aniversário, os astrólogos consideram o mês anterior como o "inferno astral", eu tô achando que a coisa tá mais pra inverno.
O clima está mais pra inverno. A atmosfera está mais pra inverno. A vida nesse momento está mais pra inverno.
Vem coisa boa por aí.

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