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sexta-feira, agosto 13, 2004

página 43, 3º parágrafo

você pisa no perímetro das lajotas eu respeito e piso ao lado.
piso com média firmeza, pois estou claudicante entre duas vontades: voltear feito um dervixe ou rastejar como um bugre farejando tatu.
penso em ter você com fúria, muita fúria, tanta fúria e ferocidade que precisarei de correntes, mordaças e vacinas.
mas não. espera um pouco. não é nada disso que preciso te dizer.
(começo a rodopiar como um besouro, meu pensamento é uma tormenta que não cabe em minha cabeça).
se ao menos eu pudesse olhar nos teus olhos e ter coragem.
deixei o livro aberto e semi-caído, tentando me lembrar dos olhos de Leporace. tentei me lembrar se ao menos ele já me olhara alguma vez.
não consegui. Leporace tinha olhos de microscópio.
desisti de continuar lendo, aquilo estava me fazendo mal e eu francamente não estava nada interessada naquele assédio muito, mas muito entre haspas.
Vicenzo? ali parado, perscrutando o céu com o nariz pra cima, como se ele fosse uma fragata e estivesse pra desabar um temporal.

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