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quarta-feira, julho 22, 2009

Atos Secretos

Quatro dos 15 senadores que integram o Conselho de Ética do Senado tiveram assessores nomeados ou exonerados por atos secretos, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo em 17/07/09.

São eles:

Demóstenes Torres (DEM-GO), Almeida Lima (PMDB-SE), Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC).
Conhecemos todos eles de outros carnavais (ops! CPI´s). Vestais da moralidade e dos bons costumes.
O presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), disse considerar os atos secretos "uma bobagem inventada por alguém".
Segundo a Folha, Demóstenes aparece ligado a três medidas, duas delas referentes a troca de cargos. Ideli teve um assessor nomeado por ato secreto em seu gabinete. A assessoria da petista nega.
Outro nome envolvido com os atos secretos é o de Romeu Tuma (PTB-SP) que está no conselho porque é corregedor da Casa. Em 2004 ele assinou, como primeiro secretário, 32 atos que constam em boletim administrativo que só foi publicado em maio passado.
Romeu Tuma é nosso velho conhecido, alguém que tem se apresentado como um verdadeiro xerife no Congresso.
A imprensa já empurrou os atos secretos para as terceiras e quartas páginas dos jornais, mas é bom dizer que já se chegou ao número 650 dessas obscenidades.


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Isto me faz pensar em como as pessoas são freudianas. Atos secretos!!! Algo que sempre fez parte do menu da igreja católica do século XIX, e de algumas representantes do pensamento fundamentalista deste século, agora virou eufemismo no Senado!
Eu acho que o pecado original já fez todo o serviço. Não precisava de mais nada.
Hum....
Lembrei da piada que correu na época em que o marajá do Maranhão terminou seu mandato presidencial. Diziam as charges:
- Mãeeeeeeee!!! Acabei!!!!!!!!!!!



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Mas tudo isso é bobagem, considerando o que está por trás de todo e qualquer escândalo.
Diogo Mainardi diz com todas as letras que a equação é simplérrima: Lula ordenou que o PT corresse em defesa de Sarney porque muito lhe interessa; sim, muito lhe interessa a ele, pessoa física. Senão vejamos:

Olhe só que farra:
- Uma afilhada de José Sarney está para ser indicada por Lula à Anatel.
- A Anatel está mudando a lei para beneficiar a Oi, que comprou a empresa do filho de Lula.
- Um dos donos da Oi, Carlos Jereissati, é sócio no shopping-center Praia de Belas, em Porto Alegre, de Jorge Murad, o genro de José Sarney.
Se tudo der certo, a árvore genealógica do lulo-sarneyzismo vai ficar assim: Lula nomeia a afilhada de José Sarney, ela muda a lei para favorecer o sócio do marido da filha de José Sarney, cuja empresa bancou o filho de Lula, que assina a lei.
Eu disse certa vez que o desejo de Lula era se transformar num José Sarney. Na verdade, ele foi muito mais longe do que isso: transformou-se num parente. Um parente político e empresarial. Os herdeiros das antigas dinastias européias se uniam em casamento. Os herdeiros das atuais dinastias políticas brasileiras se unem em empresas cotadas na bolsa de Nova York. De um lado, o rei de Garanhuns. Do outro, o rei do Amapá. No meio dos dois, o ducado tucano do Ceará.
De uns tempos para cá, sempre que eu denuncio alguma estranheza, os leitores reagem repetindo o mesmo mantra:
- Isso não vai dar em nada.
A estranheza denunciada neste podcast se refere à parceria entre o dono da Oi e os familiares de José Sarney, que cria mais um conflito de interesse na Anatel, como se não bastasse a empresa do filho de Lula. Qual será o resultado prático dessa denúncia? Nenhum. A afilhada de José Sarney será aprovada pelo Senado. A Anatel mudará a lei para permitir a venda da Brasil Telecom à Oi. O BNDES financiará o negócio. Carlos Jereissati controlará a companhia tendo menos de 3% de seu capital. Daniel Dantas aumentará seu rebanho de gado no Pará.
Mas é assim que funciona a imprensa. Quem tem o papel de julgar os políticos é a magistratura. Quem tem o papel de mudá-los é o eleitor. A imprensa pode somente noticiar e comentar os fatos. É pouco? Claro que é pouco. É melhor gastar seu tempo comigo ou com Tolstói? Claro que é melhor gastá-lo com Tolstói. A escolha para o jornalista diante de uma notícia é muito simples: consiste em publicá-la ou sonegá-la. Publicá-la nunca dá em nada. Sonegá-la sempre dá em algo ainda pior.



Sim, não importa a que preço, o que a corja quer é atender a interesses domésticos. Como diria a minha tia: Que coisa, meu Deus!


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