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sábado, janeiro 16, 2010

Tudo Nela Era Especial


foto Glauco Araújo/G1

Zilda é um nome germânico que quer dizer "A Vencedora". Foi a penúltima de 13 irmãos. Formou-se em Medicina em 1959, especializando-se em pediatria e medicina sanitária.

Nasceu Arns e morreu Arns. Faço esta observação porque em verdade Zilda se casou e teve 5 filhos (contando-se ainda 10 netos). Ficou viúva de Aloisio Bruno Neumann e não voltou a se casar. Tem Neumann no nome mas sobressai o Arns, como que compartilhando o sacerdócio com 5 irmãos que seguiram a vocação religiosa.

Ela mesma se considerava missionária e com missão muito bem definida a partir de 1983, ano da criação da Pastoral da Criança. É inacreditável que esse programa implique num custo inferior a 1 dólar/mês/criança, num país como o Brasil!!!

Zilda dizia "não se pode complicar o que pode ser feito de maneira simples", como o soro caseiro, por exemplo. Dizia que a metodologia do Bom Pastor implica em estar atento a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam.

Lendo o discurso que Zilda preparou para a Conferência Nacional dos Religiosos do Caribe, percebe-se que suas bases teóricas são bíblicas e que sua fala é a fala de Jesus, Madre Tereza de Calcutá, Ghandi e os demais que lhes seguem.

Nada apareceu de mais certo no Brasil, do ponto de vista da assistência social, da abrangência do atendimento e da falta de escândalos (mil grifos aqui), que a Pastoral da Criança. Vejamos os números: mais de 40 mil comunidades de 7 mil paróquias, de todas (de todas) as 272 dioceses e prelazias; tem uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 140 mil vivem em comunidades pobres e 92% são mulheres. Volto a dizer: ao custo de menos de um dólar/mês/criança. No Brasil!!!??? É ou não é obra messiânica?

Percebe-se o quanto Zilda se sentiu recompensada em 2002, ao participar de um encontro na ONU em favor da infância, quando foi feita a inclusão do elemento espiritual na definição do desenvolvimento da criança. Zilda levantou a bola sobre a importância do carinho na cabeça da criança para o seu desenvolvimento neuronal, da mamada para a psicomotricidade, e por aí vai... Ela não se conformava com os conceitos organicistas da OMS quanto à saúde e ao desenvolvimento. Quem se conforma?

Parece que ela não queria ir ao Haiti nesta que foi sua última viagem; teria preferido ficar com a família. Mas, se a morte é coerente com a vida, Zilda poderia ter morrido de outra forma?

Transcrevo a parte final do discurso que ela não chegou a fazer de viva voz em Porto Príncipe mas que deve estar girando em eloquência alucinante pela mídia afora:

"Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los".

Longe dos perigos e mais perto de Deus. Que lindo!

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