Há coisas que a gente deixa pra trás na vida e que se puder, deve tentar resgatar. Deixei pra trás o meu primeiro carro sonhado, eu era adolescente e nem tinha carteira de motorista, mas já era louca alucinada por carro, e o que eu queria era ter um karmann ghia. Cheguei a fazer uma longa viagem num exemplar vermelho, de Bauru a Umuarama, éramos 3 bravos viajantes + bagagem e eu, apesar de bem fornida, coube perfeitamente bem no banco traseiro, na maior parte do tempo dormindo, como boa adolescente que era. O bichinho não deu trabalho, a gente só parava pra abastecer e foram 2 dias inteiros só comendo estrada.
Hoje vejo na web que o carrinho é xodó de muita gente, virou artigo de colecionador e estou muitíssimo interessada nele.
Por um motivo bem diferente e que não ouso revelar, também quero comprar um corcel 1974-1975. Foi um ardente objeto de desejo quando eu entrei pra Faculdade, e que me levou a mentir perigosamente na concessionária em Petrópolis.
E por último, por ter sido o meu primeiro carro, vou me permitir a nostalagia de ter novamente um fusca.
Serão carros de colecão, mas também de utilidade, creio que a mais imediata de todas é lembrar que os sonhos deixam de existir apenas porque esquecemos deles ou os subestimamos.
Objetos de desejo no campo material são relativamente fáceis de se conquistar depois que passa a hora, e pode ser que funcionem concretizando o que fez parte integrante do desejo (um desejo que precisa ser realizado), como também podem estar preparando o terreno para a realização do recorrente desejo imaterial, que por razões de segurança e sigilo deixarei de revelar, mas é o que mais me move no momento. É assim: enquanto não chega o principal a gente vai se virando com os acessórios, sem atribuir muita ordem de grandeza, a não ser a grandeza de poder continuar sonhando com coisas e não-coisas, apesar da idade avançada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário