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segunda-feira, outubro 25, 2010

Quando o mundo souber português e o brasileiro não, aí é que serão elas.

Paris, 11.10.10

Nosso transfer guy para o aeroporto é um paranaense que veio para Paris com 21 anos de idade. Trabalha em média 12 horas por dia, tem diploma de Adm de Empresas e chegou a iniciar o curso de Computação aqui. Quando havia aprendido o francês pensou em voltar pra casa mas a mãe disse que era melhor ele ficar, pois a situação no Brasil não era boa.
Perguntei o que o prendia na França e ele respondeu que era a estabilidade. Casado e com uma filha pequena era importante saber que não teria que gastar fortunas com saúde e educação de qualidade para a filha.
Quando perguntei o que mais lhe desagradava em Paris ele respondeu como um parisiense: os imigrantes. Eles vêm para cá querendo tudo de graça, não se esforçando pra falar a língua e achando que todos lhe devem tudo. Ele até brincou dizendo que sua mulher caçoa dele, porque esse é um pensamento local.
Só quem já conviveu com sua própria tribo no exterior sabe o que significa esse incômodo.
Falando do que eu conheço é difícil não sentir esse incômodo vendo como se comporta o brasileiro no exterior. O brasileiro já chega apertando a tecla f..... Acha que todos lhe devem a maior atenção possível, que devem e podem perguntar a cada 10 metros depois de terem sido informados corretamente por alguém lá atrás.
O brasileiro acha que não precisa saber o mínimo de inglês, que o mundo é que tem que aprender português. Bem, o mundo até está aprendendo a falar português (e, olha, não são os brasileiros que moram fora, não! São os estrangeiros que consideram importante conhecer a língua de um país que faz turismo e consome em grande escala). Quando o mundo souber português e o brasileiro não, aí é que serão elas.
Presenciei na minha troupe esse comportamento. Meus compatriotas não sabem o que perguntar (não realizam a dúvida que precisam esclarecer), mas fazem questão de importunar os transeuntes (que podem estar em horário de almoço ou com algum compromisso), balbuciando em português frases sem sentido, com ares de que o outro é que é um estúpido por não os compreenderem.
Alguns já até pagaram o mico de xingar uma pessoa e esta revidar em português.
Os brasileiros são reconhecidos em qualquer lugar que vão. Por que será? Porque falam alto? Porque apontam e gesticulam pra tudo o que vêm? Porque acham que qualquer mínimo espaço é deles e devem ocupá-lo sem temor? Porque esbarram, se esfregam, pisam, empurram e ainda saem xingando? Porque pros brasileiros tudo é muito caro? Tudo é lindo? Tudo “eu quero!”? Porque não podem ver outro brasileiro que já fazem uma arruaça, querem juntar mesa, colocar cadeira onde não cabe? Porque detestam olhar um mapa? Porque detestam se organizar antes de dar uma saída? Porque não gostam de lugares onde não se pode comprar? Porque adoram bugingangas? Porque só conseguem ver com os dedos? Porque a maioria das mulheres não consegue ver um homem bonito sem se oferecer?
Hoje no café da manhã um garçon passava cantando “La cucaracha” e a brasileirada sorria e comentava: esse garçon é alegre, né?
Na hora do lanche (almoço) havia uma enorme mesa de africanos. Ora falavam no seu dialeto ora falavam em inglês. Sem estardalhaço, sem chamar a atenção de ninguém, a não ser a minha, hehe.
Fora isso, o brasileiro é o ser mais caloroso do planeta, o mais sorridente, o mais boa gente.
Não sei de quanto é o gasto do brasileiro que viaja. Mas é muito dinheiro. Muito mesmo.
Países como a França e a Itália (até aqui) recebem esses portadores de dólares e euros. Não sei se de bom grado. Tenho a impressão de que só nos recebem porque trazemos grana. Fora isso gostariam de nos ver de binóculos.
Nesse momento estou no deck 5 ouvindo música. 3 músicos: violino, baixo e violão. E voz. As pessoas à minha volta conversam e fazem seus lanches. Estou há algum tempo sem ouvir a língua pátria. Hehe.

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Nosso navio deve ter uma média de idade acima dos 60 anos. As pessoas vêm como são e como podem. Muita gente de cadeira de rodas, mais gente de andador e mais ainda de bengala. É muito bacana ver esse mundo de velhinhos e velhinhas superando as limitações e tentando viver a vida.
Muitos americanos. Há europeus também. O navio é a concepção americana de tudo. Junker food às toneladas, café fraco e uma tripulação composta por filipinos e indianos na sua maioria. Se eu lamento pelo fato do brasileiro se recusar a falar uma segunda língua os americanos devem estar horrorizados com a forma como o inglês é falado em certas bocas.
O tudo incluído é muito enganoso nesse caso. Pedi um espresso e me foi cobrado 1,95 U$. Em Capri tomei um espresso bem superior ao preço de 1 euro.
Trouxe meu mini modem, mas hoje fiquei sabendo que o navio bloqueia todas as freqüências para manter a sua a 0,68 U$ o minuto!
Em Paris conectei normalmente. Espero que o mesmo se dê na Europa ocidental.
A conferir.

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