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sexta-feira, agosto 12, 2005

Regina Duarte Não Tinha Razão

Nem o Pelé. Não havia motivo para medo, como não é verdade que o brasileiro não sabe votar. Houve uma lógica na eleição de Lula. Construída não apenas por um marketing milionário, mas sobretudo pela história do PT, e inegavelmente, pela história do Lula. O eleitor brasileiro teve olhos para ver uma possibilidade concreta de mudança. E pelas lentes de Duda Mendonça não havia motivos para ter medo. A tropa petista também tinha modos até então, sobretudo havia sinais de honestidade e caráter, ou melhor, não havia evidências do contrário. O PT era o reverso da mulher de César - parecia honesto.
Além disso, houve algumas experiências de boa conduta política e administrativa que respaldaram o voto de muita gente boa.
Mas, sobretudo, havia desejo de mudança. Havia desejo de alguém no Planalto mais parecido com a sociedade brasileira do que com a academia francesa.
Quem, a não ser Olavo de Carvalho, poderia supor que havia um projeto de perpetuação no poder, a la Fidel Castro? Isso não ficou claro para nós, eleitores médios ou acima da média.
Só sei que os anos 90 foram perdidos.
Só sei que agora, esperança não há.
Me sinto viúva de mim mesma, minhas expectativas e crenças num futuro melhor fora do clichê. Esse é um país muito amado por seus filhos, mas esse amor é platônico. Ainda estamos na primeira infância emocional e (naturalmente) política. Não nos apossamos de nosso destino. O outro virá nos salvar. O outro vai resolver todas as crises. O outro será a solução.
De toda tragédia se tira alguma coisa, e dessa, podemos tirar a lição já aprendida pelos argentinos, por exemplo, de que temos que ser mais atuantes, ativos e pró-ativos, em nossa vida civil, em nossa relação com o poder.
Se pelo menos começássemos a nos acostumar com essa idéia!...
Não é o outro, daí não haver motivo para medo; somos nós mesmos, que errando em nossas aparentes boas escolhas, vamos apurando o faro para os pleitos futuros.
Tudo isso é muito triste, mas seria ainda pior se o brasileiro não estivesse pacientemente acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, sem se iludir com algum aventureiro - se houvesse (e sabemos que não há nenhum, porque estão todos comprometidos), e caísse novamente no engodo de seguir o messias.
Meu consolo é que de agora em diante cada um de nós exerça com o distanciamento e a crítica necessária o nosso dever inalienável (embora com uma enorme tentação de abdicar dele) de traçar nosso destino, mais uma vez, uma e outra vez, incessantemente.
Não dá pra deixar de notar que, infelizmente, os segmentos da sociedade que estão nos 3 poderes são apenas um subproduto dela mesma. Não dá pra deixar de reconhecer que aqueles que lá estão são - em alguma medida - nossos iguais.
Em outras (e tristes) palavras, eles são a projeção do inconsciente coletivo da sociedade brasileira. A massa crítica que conseguimos somar é suficiente apenas para a produção desse extrato de gente. Falta caráter aos políticos brasileiros da mesmíssima forma que nos falta, a cada um de nós e a nós todos como povo, um apuro maior de decência, honestidade e caráter.
É bem verdade que lá não estão os melhores, longe disso. Lá não estão os "notáveis", mas os que estão lá não são ET´s, eles saíram da sociedade, foram paridos pela sociedade brasileira, não importa que ao crescerem tenham se acumpliciado com a pior espécie de gente (brasileira em particular) e mergulhado na venalidade. Cabe-nos banir essa gente do cenário político. Para isso temos que ter peito, estatura moral e coragem pra resistir e enfrentar a corrupção.

Um comentário:

Anônimo disse...

Me chateia saber que seus sonhos foram maculados com a atitude das autoridades do PT. E que a decepção te abateu. Pena que vc não tenha visto antes que tudo não passa de "faxada", são todos iguais e não há quem se aproxime da possibilidade de ser político se não for p/ tirar algum $ a mais do que aquele ao qual tem direito. A forma? essa não importa, não há escrúpulos p/ se ganhar, ganhar e ganhar... Ser político é ser capaz de iludir a massa falando verdades mas sem tomar contato com elas. E sem ter o menor compromisso ou comprometimento. Não há partido, não há figura humana capaz de mudar esse quadro que hoje assistimos e que há tempo se apresenta. Só muda a figura, a cara, na verdade tudo é a mesmíssima coisa. O mais correto seria não ter um brasileiro se quer, que no dia das eleições fosse às urnas. Mas como fazer isso? se os pps seres que nos representam, têm essa imagem, imagem maculada, manchada, lama, sujeira, corrupção,isso é o que eles tem na bagagem p/ ensinar ao povo.